segunda-feira, 15 de junho de 2015

Eles não são heróis

De súbito, apesar de eu não admoestar e não tratar os senhores Gil e Caetano como a vértice da cultura brasileira, sim, sou obrigado a reconhecer a opinião de quem pensa desse modo. Todavia, o que está em questão não é um olhar âmago acerca da capacidade musical de ambos, mas sim da visão política que é o ponto crucial para entendermos quem de fato eles são.

Pois bem, Caetano revelou ontem que votou na atual presidente porque grupos de direita estavam se unindo contra ela. Já o Gil, ex-ministro do PT, não deixou bem claro em quem votou, contudo disse - bem como o seu amigo - que o fim da sigla está propínquo. Antes de mais nada, gostaria aqui de ressaltar que esses dois são contra a redução da maioridade penal, a favor do aborto, e sobretudo, contra o direito de o cidadão comum ter uma arma em casa. Ou seja, eles acompanham todas as ideias do PT. Vale avultar também que esses dois personagens ganham uma verba bastante considerável do governo mediante a Lei Rouanet.

Em suma, será que eles sabem que não há direita no Brasil senão pequenos grupos? Será que eles têm ciência que o PSDB, que é a oposição mais forte, trata-se de um partido centro-esquerda? Eles possuem discernimento semântico para concluir que uma classe artística com valor, sim, é um grupo que tem o direito de ser contrário ao governo; algo imprescindível em uma democracia? Você acha que eles não sabem que são culpados - levando em consideração que quem faz sucesso não pode falar mal do governo - por não aparecer um músico de um nível encomiado nos últimos decênios? A resposta para todas essas perguntas possui tão somente três letras: "sim", eles sabem. Eles se comportam dessa forma nauseabunda porque até hoje são tratados - ao menos pela maioria - como heróis.

O artista hoje - e você pode estudar a realidade de nossas leis - ou diz não a tudo e fica esquecido perante a grande mídia, ou pior, fica milionário se submetendo e sendo refém do governo que aí está. Chico, Gil, Caetano, Nando Reis, Frejat, Roberto Carlos e tantos outros optaram pela segunda opção; e escrevo isso com alguma repugnância e completa tristeza posto que admiro o trabalho do Frejat e do Nando Reis por exemplo, todavia temos que saber dissociar a música do caráter da pessoa. A cada dia que passa estamos mais distantes da frase do então ilustre escritor Victor Hugo: "A música é o verbo do futuro". É, uma pena que esse futuro próximo ficará ausente de passado. É isso.

Daniel Muzitano    

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