segunda-feira, 28 de abril de 2014

Vamos cortar a cabeça da presidenta?


Breve gente seja dúvida. Aos olhos da saudade, como o mundo é pequeno, Baudelaire. É, sigamos transitando na beira da saudade, palavra essa tão exígua que só possui vida na língua portuguesa. Perpetuando no incerto.

Vamos cortar a cabeça da presidenta?

Ao amanhecer tive a audácia de acessar o site da atual presidente, Dilma Rousseff. O site da mesma implica tão em ações cujo a petista outorgou, e portanto, vem implementando ao longo destes quatro anos de mandato.

O módico detalhe é que o site separa por temas os programas de governo da candidata à reeleição. Dentre tantos, o tópico copa do mundo, que segundo o governo, disponibilizará cerca de 8 milhões de vagas para qualificação profissional durante o citado evento. Que interessante. Infelizmente há um erro excêntrico na informação, o fato da mesma estar incompleta. A senhora presidenta, como gosta de ser exaltada, não denotou que a qualificação profissional não é remunerada, e sequer tem ajuda de custo. Pois é, são voluntários. Estamos dentre um dos impostos mais caros do mundo, e ela alega não ter verba para financiar os futuros profissionais qualificados.

Outra pauta que me chamou bastante circunspecção, fora o âmbito da tão ferida educação. O principal programa de governo da ex terrorista leva a nomenclatura de "Mais educação". Projeto que vem sendo exercido desde 2007. Em que se baseia? Muito simples. O desígnio visa fazer com que a criança estude de forma integral. E tão somente isso. Calma ai, quer dizer que em 4 anos de mandato, o único projeto no que se concerne para com a educação é colocar todas as crianças dentro de um lugar o dia inteiro? Sim caro leitor. Ah, e o plano nem é dela. Ela prefere investir nas bolsas da vida e nos presidiários.

Nem parece que estamos situados atrás da África do Sul no que diz respeito à educação, bem como que a metodologia aplicada não está atrasada. De fato, tratar todos como meras repetições ao invés de estudar o que cada um tem de melhor, deve ser de toda plausível. Aonde esta ignominia está com a cabeça? Cadê um projeto a longo prazo? Nos temas abordados e dissociados pela presidenta, não aparece a tão fundamental cultura. Para quê né?

Enquanto energia, especialistas alegam que a situação é extremamente precária. E que, por sua vez, deve se esfacelar no ano posterior ao da eleição. Mas a bandeira política dela não era a energia? Pois é. E quanto aos programas de saúde? A presidente restaurou um que visa dilacerar o crack, e outro que remete ao dissecamento do câncer. O primeiro, o investimento terá a rédea para a contratação de alojamentos, psiquiatras, consultórios e agentes comunitários. E eu vos pergunto: E dai? Em nenhum momento ela frisou qual será a perspicácia, a abordagem no que tange deturpar o usuário num cidadão comum, e principalmente, de que forma pretende impedir novos usuários. Será que estudos, pesquisas e estatísticas foram deixados de lado? O segundo, o cancerígeno, é muito "Intelectual". O sus irá ampliar em 19% os exames para detecção da doença. Quer dizer que a doença tida como a mais trivial será combatida apenas por meio de exames, tendo o paciente já contraído a doença?

Por que praias não se elabora um programa de governo visando fiscalizar indústrias e tudo que cerca o setor alimentício? Desejaria saber também o porquê de não se debater o assunto em faculdades e outras instituições de modo que se formulem projetos que tenham a intenção de evitar, e não só tardar a vinda da doença. É a velha política de consertar os entornos e nunca o centro da questão. É como Nietzsche dizia: Instrumentos e inimigos, é assim que eles nos visualizam. Fora Dilma. É isso.

Daniel Muzitano

quinta-feira, 24 de abril de 2014

A rede e a história do Brasil


Breve gente seja dúvida. Deus deseja prevenir o mal, mas não é capaz? Então não é onipotente. É capaz, mas não deseja? Então é malevolente. É capaz e deseja? Então por que o mal existe? Não é capaz e nem deseja? Então por que lhe chamamos Deus? Epicuro e nada mais.

A rede

É impressionante como a mídia atual tende a fazer emudecer o genial. Programas como Agora é tarde, The Noite, e até mesmo o do JÔ, dão vazão ao ser ignóbil. Acho o Danilo Gentili um cara versado, já gostei do Rafinha Bastos, o JÔ é digno de aplauso, mas façam-me o favor. Os três são inteligentes demais para desperdiçar o espaço que possuem convidando Luan Santana, Catra e outros seres imbecis em seus programas. Devemos extirpar como de toda, a prática de ficar copiando receitas americanas ineptas visando apenas o lucro e não a cultura.

Quantos músicos, poetas, escritores; artistas de um modo geral, o Brasil ainda irá silenciar? Os responsáveis são os citados. E senão responsáveis, coniventes. Temos ainda uma linguagem trononamente parva no que se concerne para com a norma culta, tal que de tão ferida como modelo padrão, devido a estupidez do caráter midiático. O que a Tv nos ensina? Simplesmente que não precisamos mais dela, salve raríssimas exceções. Quais? O café filosófico, o provocações, o ensaio, metrópolis, roda viva, uma Marília Gabriela, e dependendo do entrevistado, até o já criticado por nós, JÔ. E claro, minha querida Espn que tende sempre a acrescentar algo ao saber.

A rede tem especificidades burras e que ainda neste tão 2014 implica tão em fazer menção à revolução dos idiotas de Nelson Rodrigues. Portanto, fazer com que o público não pense, ou tão pense apenas coisas idiotas. Com isso, passe a abster o que realmente importa, o ar de luz cultural que alimenta a perspicácia hoje escondida em cada um de nós. É isso. Maldita prática da esquerda.

Um significado

Nesta pouco colorada manhã, estive por ler a cintilante coluna da folha de São Paulo do grande mestre professor Pasquale. E devido a essa, eis que me deparo com uma palavra que até então não havia tido nenhum tipo de contato. O inexpugnável termo é "Matiz". Achei de intenso lírio o poderio supremo de seu significado. 

A tradução da palavra é capaz de explicar os ideais políticos do Brasil, quiça mundial, e como colorário de tal análise, estive por elaborar e deixar de clarividência tal ato metafórico. Como vocês já sabem, fico estupefato com a burrice e o desperdício de pensamento. Como alguém que é contra a ditadura pode ser adepto de Cuba? A Dilma é o emblema desse assunto de suma preponderância.

Rumando ao significado, e tendo ênfase o fim desta jactância imbecil por parte do povo que se diz de esquerda, a palavra é Matiz, logo, diferentes tons por que se passa uma mesma cor. Para quem ainda não entendeu, a dita oposição para com a ditadura, era em sua maioria, partidária do regime cubano. Ou seja, contra os 21 anos de ditadura no Brasil, e favorável a mais de 50 em Cuba. Bela palavra em, Matiz. E me arrisco a dizer que a mesma poderia ser irmã da palavra "Mártir" que significa vítima. Afinal, os ditadores dessa esquerda não assumem o seu ar de autoritarismo, se dizem revolucionários. Portanto, se fazem de vítimas. Uma palavra é a história do Brasil, matiz.      

Daniel Muzitano

terça-feira, 22 de abril de 2014

O ato aos 23



Breve gente seja dúvida. As religiões, assim como a luz, necessitam da escuridão para brilhar. É dessa forma que elaboramos nosso prefácio. Arthur Schopenhauer e nada mais.

A vida aos 23

A vida deve ser vista como um prisma, portanto, algo limitado que no mesmo instante complexo. Uma unidade que varia em forma e tamanho, e que não pode, mas sim deve; ser trabalhado com a perspectiva de refletirem raios luminosos. A vida deve ser vista como ela é, ou seja, de modo que Nelson Rodrigues assine embaixo.

Estou com 23 anos e a busca de nada. Ontem refleti sobre a década de Maiakóvski: "A poesia é uma forma de produção. Dificílima, complexíssima, porém produção". Um personagem trágico é uma esfinge ou um escárnio? Como vender livros se o custo é altíssimo? Como viver sem escrever? Morrer várias vezes em uma só vida? Tudo é possível? Talvez aos 23 anos.

Ai batizam Gabriel García Márques como o homem em aversão para com a ditadura. Ó mídia parva, de tronono parva. Um homem que lutou contra os 21 anos de ditadura aqui, mas que ovacionou mais de 50 em Cuba. Faz sentido? Como já disse em um texto: Já foi tarde. É outro Paulo Coelho em dislexia.

O ato solitário

Ser humano é ser delírio. Como trabalhar estando só em meio a multidão? Estudar é procurar o recôndito dos fascínios. É desvendar o mundo, é enaltecer a vida. Escrever é algo rico, contudo, um ruído que parece lhe empobrecer. Um sussurro que empalidece de forma amiúde a essência da dor por não conseguir realizar os parágrafos das ruas em sua própria escrita. "A multidão é o ponto de encontro dos mais fracos; a verdadeira criação é um ato solitário." Eu sou um Bukowski, escrevo a luz em meio a cortina da dor. 

Ortega y Gasset para fechar a pauta trágica de hoje:


Daniel Muzitano

quinta-feira, 17 de abril de 2014

A vírgula e o maldito Aristóteles




Breve gente seja dúvida. Agora quatro anos recém completos. Todas as grandes coisas devem usar máscaras assustadoras, a fim de se fincarem no coração dos homens", Nietzsche.

O texto postado no dia 15 de abril

A vírgula vicária
No tão ontem, a tida vírgula vicária me fora apresentada. Do papai Aurélio, o antes apelidado de pai dos burros, o termo faz alusão para com a repetição. Vírgula é um momento de pausa, e por conseguinte, reflexão. Vamos a um exemplo:
"O Flamengo estudou história. O Vasco, não".
É de notória que a vírgula preenche o papel do verbo, substituindo-o. E o que isso tem a ver com o clássico dos milhões? A priore nada. Todavia, depois de intensa reflexão, chegaremos a um denominador comum. Afinal, a repetição implica tão em erros de arbitragem. 
Muito tem-se falado com relação ao excêntrico erro da arbitragem que apitou o tão famoso Flamengo x Vasco. Os torcedores da equipe cruz maltina vêm estabelecendo suposições atrás de suposições. Acho que a multidão da colina tem todo o direito de ir em rédea para com críticas, como todos nós.
Tanto o Flamengo, como o Vasco, ou mesmo qualquer outra equipe, já foi prejudicada ou mesmo beneficiada com erros de arbitragem. Acima do equívoco da arbitragem, está a ineficiência, a falta de perspicácia da instituição Vasco da Gama que desde 1989 não sabe o que é vencer o Flamengo numa final. Será que de lá pra cá todos as partidas foram injustas? A arbitragem compactua há quase 25 anos em prol do Flamengo nas finais? 
O Vasco teve erros de gestão com o Eurico, e um detrimento um tanto quanto exacerbado do tal ídolo Dinamite. Administração que por sua vez, faz jus ao sobrenome do mesmo, afinal, Roberto definitivamente explodiu o Vasco no pior sentido da palavra.
Nota-se que o torcedor fanático não apresenta discernimento semântico para compreender que o problema da arbitragem pode ser facilmente resolvido. Primeiramente a profissão deve ser regularizada, e não tratada como algo meramente diletante. Para quem não tem ciência, o árbitro hoje não se mantêm apenas com a respectiva profissão; o que não lhe permite total dedicação ao exercício do trabalho. 
Não há critério por parte da federação, não há garantia salarial, não há sequer exame antidoping ou preparação física adequada para os tais árbitros. Penso além, toda a cúpula deveria se submeter a exames de visão de forma amiúde. Será que é tão difícil estar circunspecto para com esses fatores? É como Nietzsche frisava: "O fanatismo é a única forma de força acessível aos fracos". 
O Vasco necessita antes de tudo, de uma vírgula vicária. Quem sabe com isso emana em si uma simples reflexão sobre o que se passa consigo, e com todo o putrefato contido nas federações, nas arbitragens, e em suma, no futebol deste país.




Sabemos que ontem o Vasco fora beneficiado pela arbitragem em partida válida pela Copa do Brasil. Pois é. E tende a continuar o problema, bem como outros de faculdade gravíssima. Marco Polo Del Nero irá obter o cargo de presidente da cbf em meados de 2015. A festa se perpetuará.

"Nossa razão pálida esconde o infinito das coisas", Jim Morrison.



Maldito Aristóteles

O movimento platônico- socrático - aristotélico, tendo a incumbência ou não, acabou por violar os valores propostos pela realidade, e em aversão, disseminou o caráter dogmático. Como tais especificidades, podemos citar o princípio da não contradição, o outro mundo, o nada é, dentre outros pontos.

O primeiro por exemplo se traduzia desta forma: Dadas duas proposições, uma é necessariamente verdadeira e a outra falsa. O segundo, de notório similitude : Tudo deste mundo é irreal, a prática das ideias é que é válida, portanto, o mundo das ideias. E por último, não menos parvo: "Só sei que nada sei".

Platão separa teoria de prática. Pensar não seria uma prática do pensamento? Se você elimina o real, de que modo irá raciocinar? Tem nexo? E se uma é verdadeira e outra falsa, nunca existirá terceira opção em nada? Não poderíamos nós, errar num ponto e acertar em outro simultaneamente? Será que somos tão restritos assim? E se o tal Sócrates sabia que nada sabia, ele não sabia alguma coisa? Pois é. E o modelo padrão filosófico obedece a essa linha já citada. Lembrando que antes dos três emanarem, houve o ponto de luz dos pré- socráticos, dos pré-sofistas e dos sofistas. Teoria e prática ao meu ver, são indissociáveis.

É impressionante como os "Mestres" tendem a se liquefazer. Ontem mesmo, em meio a aula de semântica da minha benigna pós graduação, eis que me surge duas frases do Aristóteles. Uma, já fora dissecada com meu questionamento do parágrafo anterior: "Os teóricos devem se afastar dos fazeres". A segunda era esta: "Só é inteligente quem tem memória".

Não questionar angustiar-te-à como breve. Mas sigamos batendo-o. Será que a memória é o único tipo de inteligência? Todos os estudos comprovam que há uma série de inteligências. A maconha por exemplo, prejudica ao longo dos anos a memória. Será que o Cazuza, o Frejat, o Morrison e tantos outros são 100% burros? E quanto a criação? Ah sim, não existe né. Afinal, deve está situada no mundo das ideias. Faça-me o favor. E um bando de octogenários aplaudindo os três mosqueteiros sem sequer saber do que se trata, ou pior, sabendo do que se trata. Contudo, enaltecendo seus valores religiosos. Está um tanto quanto árduo em. Eu não consigo.

Daniel Muzitano.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Uma questão para pensar


Breve gente seja dúvida. "Há mais mistérios entre o céu e a terra do que julga a nossa vã filosofia”, Shakespeare.

Lá estava eu sob a geladeira de meus pensamentos em busca de inspiração, todavia, de nada conseguia senão indolências em teto de ornamento. Até que passado alguns instantes, decido ouvir Vinícius e ler Carlos Pena Filho. Baudelaire e Fernando Pessoa vieram logo em seguida. E com isso realizei o que considero como a arcanja essência de meus poemas, meu nome é poeta.

Meu nome é poeta

No obliquar dos teus raios,
a implume pureza dos teus olhos.
No torpor de saia dos teus lábios,
o prolongado suntuoso de teus dóceis.

No ornamento de elegia do horizonte,
na íris longínqua impossível de teus cabelos.
Da perspectiva que balbucia tal errante,
a amplidão que acalanta vão-se aos seios.

Lírio prestante que de preitos,
dor que desatina em vasto desagravo.
Forma de vida a que deleito,
amor de eterno em minha amada.

Quem é poeta é poeta sempre, seja lá em que prosa da austeridade.
Poeta é vida que aos olhos da saudade, guarda em cortinas,
eternidade.


Após essa bela construção, ao descer ruminando e rumando para a tida cozinha. Esquentei a comida fria, e me deparei com a tal reportagem que culminava Valesca Popozuda como pensadora do contemporâneo numa prova de filosofia. E como tal detrimento alarmante, o secretário de educação frisava que o professor, cujo formulara a prova, estava cumprindo com os preceitos político educacionais.

Se bem me lembro, o termo filosofia advém do grego Phillos tendo como somatório Sophia; portanto implicando o êxito no português de "Filho da sabedoria" ou "Amor à sabedoria". Evidente que o episódio me causou certa repugnância, mas penso que a Valesca hoje nada mais é que um retrato da educação, dos educadores e dos alunos; que em sua maioria, incompetentes no que se propõem a exercer, ou mesmo a buscar enquanto sabedoria.

A prova, a educação, a saúde, a política, a mídia, e todos os outros módulos, são oriundos do que o povo almeja, do que busca. Seja na Tv, nas rádios, nas festas, nas redes sociais. Em suma, Valesca Popozuda. Alguém conhece Vivaldi? "Não existe ensino, e sim aprendizado", Antônio Abujamra. Sem mais.

Daniel Muzitano 

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terça-feira, 8 de abril de 2014

O clássico e o Wilker


Breve gente seja dúvida. Sigamos no ponto de interpretação, na interrogação ao qual bebemos durante quase quatro anos. Este blog me propiciou muita coisa, como Brecht por exemplo: "O que é um assalto ao banco perto da fundação de um?" É Bertold.



Clássico dos milhões?

Eu poderia comentar sobre o clássico carioca, o antes apelidado como o dos milhões. Mas interpreto que um jogo com aproximadamente 40 minutos de bola rolando, não poderia ser nomeado de tal modo.

Além do futebol precário e de um público pífio cujo se configurou como nada além de 20 mil pagantes, vimos duas equipes com muita rispidez e pouca genialidade. No entanto, a violência imposta pelas duas equipes teve importância relativa diante de um regulamento abjeto, e de um calendário extremamente estulto. Especificidades que contribuem para o padecimento futebolístico.

E pensar que na década de 40, bem como 50 e 60, o nosso campeonato carioca valia mais que ouro, era visto por muitos como o verdadeiro avultado cabedal. O que diriam os mestres João Saldanha e Nelson Rodrigues? Talvez o que o anterior Maracanã tentou dizer. Nada além de um esplendoroso silêncio.

Palco e Platéia



O cintilante programa palco e platéia do magno Canal Brasil, perdera neste sábado o seu opulente apresentador, nada além de José Wilker. O ator deixa o palco da vida, rumo à platéia da eternidade. E como bem de instantes, sou adepto do comportamento contrário da grande mídia. De nada adianta enaltecermos a morte, e esquecermos a importância da vida. O que importa não é a causa da primeira, mas sim, a causa da segunda.

Ao ler Brecht, de algum modo recordamos Wilker. Artaud, Thomas Bernhard, e por quê não Shakespeare? José Wilker é a compilação de todos os mestres do teatro, aos olhos do espetáculo brasileiro. O mesmo deixa antes de tudo, uma obra repleta de grandeza em erros, e perdas em acertos. O teatro no sábado perdeu sua essência, mas ganhou luz em algum outro palco.

Daniel Muzitano

quinta-feira, 3 de abril de 2014

O que um pronome é capaz



Breve gente seja dúvida.

Divagações sobre as ilhas

Autor: Carlos Drummond de Andrade

Quando me acontecer alguma pecúnia, passante de um milhão de cruzeiros, compro uma ilha; não muito longe do litoral, que o litoral faz falta; nem tão perto, também que de lá possa eu aspirar a fumaça e a graxa do porto. Minha ilha( e só de a imaginar já me considero habitante) ficará no justo ponto de latitude e de longitude, que, pondo-me a coberto de ventos, sereias e pestes, nem me afaste demasiado dos homens nem me obrigue a praticá-los diuturnamente. Porque esta é a ciência e, direi, a arte do bem-viver; uma fuga relativa, e uma não muito estouvada confraternização.

De há muito sonho esta ilha, se é que não a sonhei sempre. Se é que a não sonhamos sempre, inclusive os mais agudos participantes. Objetais-me: "Como podemos amar as ilhas, se buscamos o centro mesmo da ação?" Engajados, vosso engajamento é a vossa ilha, dissimulada e transportável.  Por onde fordes, ela irá convosco. Significa a evasão daquilo para que toda alma necessariamente tende, ou seja, a gratuidade dos gestos naturais, o cultivo das formas espontâneas, o gosto de ser um com os bichos, as espécies vegetais, os fenômenos atmosféricos. Substitui , sem anular. Que miragens vê o iluminado no fundo da iluminação?....... Supõe-se político, e é um visionário. Abomina o espírito de fantasia, sendo dos que mais o possuem. Nessa ilha tão irreal, ao cabo, como as da literatura, ele constrói a sua cidade de ouro, e nela reside por efeito da imaginação, administra-a, e até mesmo a tiraniza. Seu mito vale o da liberdade nas ilhas. E, contendor do mundo burguês, que outra coisa faz senão aplicar a técnica do sonho, com que os sensíveis dentre os burgueses se acomodam à realidade, elidindo-a?

Ei de confessar antes de tudo, que o benigno Carlos Drummond não está dentre os meus favoritos, nem mesmo na esfera literária brasileira. Prefiro Artur Azevedo, Carlos Pena Filho, Nelson Rodrigues, Ana Cristina César, Vinícius de Moraes, e alguns poucos outros a Drummond. Todavia, não isso significa que não o reconheço com um dos melhores, ainda que não me entusiasme.

Na noite desta quarta, em plena pós graduação. Eis que me surge Drummond novamente. O campo semântico foi a abordagem essencial da respectiva aula; tal que não muito me comoveu tampouco me despertou. No entanto, algo estava por vir no texto acima.

Quando reli ao sublinhar minha solidão, percebi o quão opulente era o uso dos pronomes que Drummond fazia com seus textos. No primeiro parágrafo, a tal ilha tanto trabalhada e fundamentada como ponto magno e crucial da obra, é tida como denotativa. E se toda palavra é uma metáfora, a ilha poderia vir a ser uma casa, bem como as sereias poderiam vir a ocupar o lugar das musas. A ilha existe apenas pelo fato do poeta designar um local ao qual ela estaria situada, portanto, o justo ponto de latitude e longitude.

Já no segundo parágrafo, a ilha é uma nuança se comparada ao trecho anterior. As palavras "sonho", "miragens", "irreal". O lado platônico, o outro mundo por assim dizer, denotam uma ideologia, ou melhor, um idealista. O que acende as chamas para uma pérfida realidade. É como Nietzsche frisava: "O idealista é incorrigível; se é expulso do seu céu, cria um ideal do seu próprio inferno".

E já que fiz alusão a Nietzsche, o mesmo amestra que temos que escrever em dez páginas, os que muitos escrevem em um livro. O filósofo alemão dá ao mérito da explicação o termo de aforismo. Inspirado no Nietzsche, tentei fazer a prática como congruência interpretativa. Repararam que o pronome "ESTA" está destacado em vermelho? Se você analisar que o que a ilha significa no primeiro parágrafo, saberá o que ela significa no segundo sem lê-lo, ou melhor, apenas lendo tal pronome. Se a ilha é tida como denotativa no primeiro trecho, será conotativa no segundo devido ao "ESTA". Se caso fosse "Essa" no lugar de "Esta", estaríamos comentando sobre a mesma ilha. Só se usa "Essa", Esse" ou "Isso", caso você já tenha ressaltado sobre a palavra que sucede o pronome, no caso, ilha. Com o uso do "Esta", Este", ou "Isto". A ilha não foi citada, portanto, é contrária do primeiro parágrafo aos olhos de Drummond.

É notório contemplarmos que ao fim, o autor utiliza "Nessa" retomando a ilha do mesmo parágrafo. Drummond é muito bom, apesar deste mero blogueiro não enaltecer a tanto o estilo do mesmo. E caso não tenham entendido, ou caso eu tenha me equivocado, o ponto. "Dentre as coisas mais seguras, a dúvida é a mais segura. Tenho ainda muito o que fazer, por isso, preparo meu próximo erro", Brecht. É isso.

Daniel Muzitano

quarta-feira, 2 de abril de 2014

O Brasil, uma ditadura

Breve gente seja dúvida. São quase quatros anos de pura escuridão. E de tão obscuro, encontramos a claridade em nossas almas. É como mencionava Pessoa: "Para viajar basta existir". Sigamos no incerto.

A ditadura continua

Muito tem-se falado no que diz respeito aos 50 anos do prólogo da ditadura de 64. Goulart abdicou e o poder militar prolongou seu regime por cerca de duas décadas. O que ninguém nota é que a força contrária, a dita comunista, está atuando nos palcos do poder neste mesmo tão agora. Dirceu, Genoíno, Dilma e a cúpula inteira do Pt, vêm se promovendo ao dizer que lutou contra a ditadura. Ao meu ver, o sistema ditatorial não possuiu em momento algum uma oposição em grau inteiriço.

A ditadura sempre equiparava todos, proibia todos, censurava todos. E mesmo nos dias de hoje, como pode alguém ainda criar o alarde recitando que a mesma tinha condutas de direita? Nunca houve uma direita no Brasil. A década de 60 se perpetua nos dias de hoje com o conflito esquerda x esquerda. E mais, mesmo com o aparato tecnológico, com os prelúdios da tão internet; o voto é obrigatório, o marco civil foi aprovado, o sistema do ecad vigora, fora o fato da educação e da cultura inexistirem. Isso não poderia ser concebido como ditadura? Não estamos completando 50 anos do ano que marcou a ditadura, e sim, 50 anos de ditadura; só que com entornos e especificidades um pouco divergentes da primeira. Não vejo diferença alguma entre a Dilma e o Castelo Branco.  Na música, no futebol, no carnaval, ou seja lá qual for o segmento, há ditadura. E é global, é de rede globo.

O nobre deputado Jair Bolsonaro exibiu um cartaz no parlamento ao qual dizia: "Obrigado aos militares, graças a vocês não viramos Cuba". Ele disse alguma mentira? Se os militares de fato tivessem perdido naquele dado momento, certamente estaríamos muito piores do que aquilo que estamos. Não sou a favor de ditadura alguma, seja no Brasil, seja em Cuba. Mas a esquerda que afrontava a ditadura e que se dizia adepta do "Proibido proibir", tinha como configuração ideológica o Che Guevara. Sem mais. "Eu amo a juventude como tal. O que eu abomino é o jovem idiota, o jovem inepto, que escreve nas paredes "É proibido proibir" e carrega cartazes de Lênin, Mao, Guevara e Fidel, autores de proibições mais brutais", Nelson Rodrigues.

Ortega Y Gasset para encerrarmos:


No Brasil, só se é intelectual, artista, cineasta, arquiteto, ciclista ou mata-mosquito com a aquiescência, com o aval das esquerdas.

Daniel Muzitano