segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Divagar é com i

Embora pouco estudado e debatido, Antenor Nascentes possui uma obra irreprochável e escorreita, sobretudo no que diz respeito à etimologia. Aliás, o dito-cujo deveria ser nome de escola, rua e tudo o que mais, porém este país gosta de encomiar figuras ominosas como Paulo Freire. Críticas à parte, no riquíssimo dicionário etimológico de Antenor, a saber, encontramos o verbo divagar, proveniente do latim divagare.
De uso um tanto restrito, divagar engloba as noções de fantasiar, errar, percorrer, desconversar, dentre outros sentidos. À guisa de Antenor, o prefixo di- corresponderia à lógica de duas vezes, uma vez que resulta do grego dís. No mais, divagar originalmente seria vagar por diversos lados. Com relação ao vocábulo devagar, parônimo do verbo supracitado que faz as vezes de advérbio ou adjetivo, o prefixo de- exerce o papel de redução.
Dado o exposto, podemos falar que alguém começou a divagar (desconversar) ou que alguém fica a divagar (fantasiar) algo. As opções são diversas, de modo que divagamos (percorremos) um caminho ou divagamos (erramos) uma questão. É como dizia Isaac Newton: "O que sabemos é uma gota. O que ignoramos, um oceano". Àqueles que ofendem antes de ter ciência para com o tema, resta tão-somente este humílimo texto. E é isso.
Daniel Muzitano

domingo, 18 de fevereiro de 2018

O campeonato do esmorecimento derivado da inversão de valores

Entreveros à parte, nada justifica que a final da Taça Guanabara, independentemente do duelo, seja realizada fora do estado do Rio de Janeiro, isto é, em Cariacica, Espírito Santo. Dado o exposto, há outros problemas mais nesta edição demasiado mendicante tanto em sua organização, tal como em suas esferas tática e técnica.
De exórdio, o Maracanã, dantes palco de clássicos homéricos e escorreitos, hoje privilegia eventos que não o futebol, haja vista ter sido utilizado para um show, embora houvera no mesmo dia de sua realização um Flamengo x Botafogo. No mais, outrossim ao regulamento confuso do ano passado, pode o Flamengo, por exemplo, vencer os dois turnos, e, pasmem, não ser o campeão carioca deste ano; algo, a ver, sem sentido algum.
Aliás, o Flamengo ano passado foi o campeão, conquanto Fluminense e Vasco tenham conquistado respectivamente os dois turnos. Por conseguinte, isso faz os clubes menosprezarem cada vez mais o torneio que de há muito vem perdendo o seu valor. Com relação ao jogo de hoje, e pelo o que acabei de dizer, de pouco vale, senão para justificar minha ida ao bar, por sua vez exercitando uma atividade rodriguiana, portanto, imaginar um jogo interessante assistindo a uma partida irrisória.
Por fim, o futebol carioca segue à risca a doentia inversão de valores presente no estado carioca, ou seja, temos um estádio de futebol que não tem por prioridade o futebol, um campeonato carioca que não será no Rio de Janeiro e um campeão que pode não ter vencido turno algum. À semelhança, o bandido hoje é visto como um herói, um sujeito que estuda é rotulado pela sua "arrogância" e um cara muito correto é visto como otário pelos demais. Grosso modo, a falta de valor de nosso estado respinga em tudo, inclusive em nosso futebol. É isso.

Daniel Muzitano