quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Dois elementos que postergam a evolução do país

Em meio a atividades tantas, ontem estive por refletir acerca do número onímodo de músicas nacionais que romanceiam, por exemplo, as favelas e suas condições demasiado deterioradas. Motu proprio, de há muito gêneros de toda sorte constroem, num local com tiroteios, sexo banalizado, drogas, falta de saneamento básico etc, uma beleza fantasmagórica, o que faz com que achemos normal um sujeito viver nessas condições, ou seja, à míngua.
Dado o exposto, a falta de referência é o grande algoz, de modo que, por conseguinte, o ódio ao lucro, o amor à pobreza e o orgulho de viver numa debacle, a saber, são raciocínios sine quibus non e inerentes à mentalidade do pobre. Em suma, ninguém deveria morar em condições insalubres, bem como ter orgulho desse tipo de situação. Entretanto, nossas músicas estimulam esse comportamento nocivo de nossa sociedade.
Pari passu, outro ponto-chave é a infantilidade da população em idade adulta, mais das vezes decorrente do excesso de responsabilidades na fase infantil, da falta de bons pais ou do local onde mora, posto que a favela não é um ambiente favorável para se ter infância. Assim, todos nós, independentemente de nossa educação, precisamos ter infância quando crianças. Do contrário, estaremos por vivenciá-la no período errado. Grosso modo, muitos pais, fingindo dar atenção aos filhos, mostram sua fase pueril, sobretudo quando brincam com os respectivos, nas fotos postadas com as crianças ou no tempo excessivo em que se dedicam a brincar com eles, com o perdão da silepse.
In verbis, presenciamos também pessoas muito emotivas, quase sempre excessivamente cobradas quando crianças, vivenciando esse estágio mais tarde. Desse modo, o que podemos esperar de um país que forma adultos infantis e que tem, como referencial e trilha sonora daquilo que é belo, a favela, por exemplo? Creio que o não vivenciamento da infância nada traz, senão angústias, o que acarreta drogados, pessoas que banalizam sua vida sexual, analfabetos funcionais etc. Vale a reflexão.
Daniel Muzitano