segunda-feira, 3 de agosto de 2020

No faz-de-conta do Novo Acordo

Malgrado eu vitupere praticamente sozinho as necedades afora do Novo Acordo, meu intento outro é sempre o da opulência vocabular. Percebida por mim neste hoje, a ação mentecapta produzida pelos adeptos da Nova Reforma, adjetivada por qualquer alma lógica como um tremendo quiproquó, está na falta de hífen quanto à expressão faz-de-conta, pelo menos quando a dita-cuja faz as vezes de fantasia, imaginação, fingimento e similitudes afins.

No faz-de-conta do Novo Acordo, entendam como fingimento ou mesmo como fantasia, não há o sinal gráfico. O hífen, embora os "doutos" não saibam, pretende extirpar ambiguidades e/ou formar um novo corpo, um novo sentido, por meio de dois ou de mais vocábulos. Não à toa, na construção "faz de conta que isso existe", a saber, é insofismável a sua noção literal, ou seja, o hífen é dispensável. Porém, no preâmbulo desse parágrafo, a situação é outra, pois, como asseverei, existe um novo sentido presente. Em suma, houve a eliminação de ambiguidade, e, incorporada a roupagem de fingimento, por exemplo, há outrossim a criação de um corpo no chamado faz-de-conta.

Por fim, será que é tão difícil para a Academia enxergar isso? Chega a ser um desdouro intelectual essa cegueira abrupta, isso para ser muito respeitoso, posto que hoje acordei com certa alacridade. Esse Acordo, é preciso que alguém diga, foi feito para fins políticos, caracterizado por seu turno como uma norma absolutamente analfabeta, execrável, digna de lamúria e de reproche por assim dizer.

Daniel Muzitano