Embora pouco estudado e debatido, Antenor Nascentes possui uma obra irreprochável e escorreita, sobretudo no que diz respeito à etimologia. Aliás, o dito-cujo deveria ser nome de escola, rua e tudo o que mais, porém este país gosta de encomiar figuras ominosas como Paulo Freire. Críticas à parte, no riquíssimo dicionário etimológico de Antenor, a saber, encontramos o verbo divagar, proveniente do latim divagare.
De uso um tanto restrito, divagar engloba as noções de fantasiar, errar, percorrer, desconversar, dentre outros sentidos. À guisa de Antenor, o prefixo di- corresponderia à lógica de duas vezes, uma vez que resulta do grego dís. No mais, divagar originalmente seria vagar por diversos lados. Com relação ao vocábulo devagar, parônimo do verbo supracitado que faz as vezes de advérbio ou adjetivo, o prefixo de- exerce o papel de redução.
Dado o exposto, podemos falar que alguém começou a divagar (desconversar) ou que alguém fica a divagar (fantasiar) algo. As opções são diversas, de modo que divagamos (percorremos) um caminho ou divagamos (erramos) uma questão. É como dizia Isaac Newton: "O que sabemos é uma gota. O que ignoramos, um oceano". Àqueles que ofendem antes de ter ciência para com o tema, resta tão-somente este humílimo texto. E é isso.
Daniel Muzitano
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