Pari passu em que sou caudatário convicto de a etimologia ser a essência da existência enquanto método de ensino, sou outrossim escorreito quanto ao fato de pôr e de vir à tona a comprovação daquilo que acredito. Desta feita, e por meio desse artigo, elucidá-lo-ei o quão mais simples seria não tão-somente para o professor, tal como para o aluno, a ver, caso a etimologia fosse o elemento de explicação nas salas de aula Brasil afora.
Sem mais preâmbulos, peguemos uma aula de figura de linguagem como teste. Grosso modo, a palavra prosopopeia - sem acento - decorre do grego prósopon, isto é, rosto. Para com o sufixo -peia, resulta da ideia de criar ou de fazer. Por conseguinte, trata-se da figura que consiste na atribuição de sentimentos, de psicologia e de comportamento humanos a seres inanimados. Em síntese, criar um rosto para algo sem vida.
Dado o exposto e para tanto, a música de Cartola seria um suntuoso exemplo, sendo mais bem específico, faço alusão à obra-prima "As rosas não falam". Vamos ao trecho: "Queixo-me às rosas/ Mas que bobagem/As rosas não falam/Simplesmente as rosas exalam/O perfume que roubam de ti". O que o melhor sambista de todos os tempos fez? Criou um rosto para algo inanimado, isto é, as rosas.
Houvesse a criança aprendido nesse formato, teria vida a ignóbil e tola decoreba? Em vez de o professor mandar o jovem gravar o que é metonímia, mais plausível seria dizer que o vocábulo é uma adjeção de met(a)- , prefixo que designa mudança. E -ônimo ou -onímia, sufixo que por sua vez engloba como significado nada mais do que nome. Em resumo, mudança de nome. No momento em que digo que li Nelson Rodrigues, quero dizer na verdade que fiz a leitura de seu livro ou de sua crônica. Ou seja, usei o nome Nelson no lugar de um título de um livro ou de uma crônica.
Por fim, onomatopeia é a junção de onoma-, qual seja, nome. E -peia, fazer. Em suma, fazer um nome, a completar, por meio de um som. Reco-reco, tique-taque e pingue-pongue justificam a ideia supracitada. Estamos muito atrasados e é triste o lugar cujo brasileiro ocupa culturalmente falando, a entender, pelo fato de a "intelectualidade" brasileira discutir estultices, menoscabando o que de fato deveria estar à frente na esfera celestial da discussão, portanto, a irreprochável etimologia. É isso.
Daniel Muzitano
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