No período de minha puberdade - mediante Nietzsche, Schopenhauer, Anaximandro e tantos outros - eu era um ser que comportava uma exacerbada repugnância para com as religiões, sobretudo pelo fato de que eu enxergava em tais apenas as mazelas: padres pedófilos, lavagem de dinheiro, promulgação do medo e etc; aspectos que indubitavelmente estão aí presentes até hoje. Pois bem, ao longo dos tempos - apesar de eu não integrar nenhuma doutrina - consigo ver fatores plausíveis como a tradição familiar, a pugna contra as drogas e outros opulentes aspectos. No entanto, se eu achar que devo criticar o Papa, indubitavelmente escreverei sobre e não estou nem aí.
Agora, é algo demasiado néscio - eu diria até tétrico - deparar-me com um bando de gente idolatrando um palhaço como esse senhor Boechat. Só para rememorar, esse é o sujeito amásio dos black blocs, é o indivíduo que disse à época que o povo tem que ir para as ruas e assolar tudo, em suma, é um sujeito ignominioso e que agora ofendeu de modo pueril o então Silas Malafaia; cidadão esse que não sou fã, porém não tenho nada contra. Julgo que o xingamento só deveria ser legítimo quando exercido em uma conta pessoal e com argumentos de natureza inteligente. O problema maior a meu ver não foi a ofensa em si, mas sim o teatro e a falta de visão e profundidade na análise; algo mais do que esperado vindo de quem veio. Quando adolescente, sim, cometi o despautério de generalizar todas as religiões e todos os religiosos. Agora, eu tinha meus 16 ou 17 anos, esse velho já passou dos sessenta. Nelson Rodrigues tinha toda razão ao elaborar que a burrice é de fato eterna; Boechat é um exemplo vivo. Mediante ao ar irônico de Shakespeare, é, encerro esse texto: "Não basta apenas soerguer os fracos; devemos ampará-los depois". É isso.
Daniel Muzitano
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