Jorges Luis Borges, o estupendo escritor argentino, disse certa vez que temos que ler o que está redigido, e sobretudo, o que não está. Contemplei muitos veículos de comunicação promulgando o que o cantor Ed Motta disse sobre o tributo ao Tim Maia que ocorrerá. O mesmo, juntamente com Ivete e Criolo, foi convidado por uma empresa de creme que organizará o respectivo evento. Em sua rede social, o músico ressaltou que o Tim é intocável, e que com exceção de o Cláudio Zoli, ninguém teria condições de cantar as canções do homenageado.
Pois bem, lendo o que não está redigido: "Ivete e Criolo não têm condições de cantar Tim Maia". A avaliação dele está errada? A primeira pode dar lucro em comercial, lotar shows, ter uma voz sensual, pernas bonitas, no entanto enquanto música, ela é, indubitavelmente, um lixo. Já o segundo, sim, se fosse um pouquinho inteligente não se autonomearia como Criolo. Vou contar um segredo para o mesmo: o correto é "Crioulo" e tem como significado: pessoa de raça branca nascida nas antigas colônias europeias. Apesar de o Brasil ter sido colônia, não, acho que você não é branco; e ainda que fosse, você escreveu errado meu caro.
Antes que um esquerdopata diga: "Você é machista e racista". Gostaria de dizer que aprecio de sobremaneira Rita Lee, Janis Joplin, Minnie Riperton, Angela Ro Ro, Cartola, Ismael Silva, Nelson Cavaquinho, Robert Johnson e tantos outros. A canção tem que ser boa independente de quem a faça. Uma mulher que vive da beleza, e um idiota que sequer sabe redigir ao certo seu nome artístico, não, definitivamente não são referências para nada em absoluto, e principalmente, não são músicos. Só discordo do Ed Motta de uma coisa: ele sim teria condições de cantar Tim Maia. "Depois do silêncio, o que mais se aproxima de expressar o inexprimível é a música", Aldous Huxley. Um país com meritocracia é um lugar sem Ivete e Criolo. É isso.
Daniel Muzitano
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