segunda-feira, 24 de novembro de 2014
Compilação túrbida
De fato sempre tive a sensação de ter tardado, de ter acordado sem ter dormido ao escrever. De rememorar crônicas, de formular poemas, em suma, me sinto longínquo diante da inocuidade cultural do mundo. Esta noite tive medo: encontrei Artur Azevedo e os fantasmas sinceros de Nelson Rodrigues; uma esfinge tão sublime, como o conto ao encontro da ópera, como o Bukowski rindo da sua própria bebida na década de 60.
Se vivo, Hemingway certamente diria que o amar é, antes de mais nada, uma página por assim dizer; uma folha capaz de transformar o passado em algo presente. Encontrar com Nietzsche foi como amestrar. Ele leu e criticou meu romance que jamais publiquei. Aprender é o processo fundamental para o excesso, é elevar sua solidão rumando na amada uma condição - persisto - fazer do amor de uma mulher uma Safo de Lesbo, sobretudo com um só gesto, transformá-la em Ana, Hannah, Henriqueta e Rand. O amor é alumiar o máximo da eternidade em todos os tempos.
Daniel Muzitano
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