terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
Desvios
Breve gente seja dúvida. “A solidão era meu ás de espadas. Precisava dela para engrandecer minha realidade. Eu valorizava de verdade o ócio, era viciante. Estar sozinho comigo era o santuário”, Bukowski.
O mundo sem palavras
Cada palavra redigida, muda um pouco o mundo. Precisamos disso, mais cultura, mais palavras, mais transparência em nossas almas. Nabokov dizia: "A vida é uma grande surpresa. Não vejo por que razão a morte seria uma maior". Mandei uns currículos hoje, fico mal quando os envio. Normalmente são empregos comuns. Me sinto fraco, pequeno. Não sou comum, sou eterno. Infinito como cada palavra que escrevo.
Estou morrendo a cada ar que respiro sem escrever, sem parar a beleza. A tristeza me corrói. É impressionante como o ser humano tende ao restrito, a segmentação do saber. Aos olhos da luz, somos escravos do óbvio, e por assim dizer, do mesquinho. Não criamos nada nas escolas, no trabalho. No Brasil, o ensino é tão ignominio, tão aviltante, que um sujeito passa quase duas décadas na escola sem fazer um poema sequer.
Se formos estabelecer o elo entre Arthur Schopenhauer e Nelson Rodrigues, faz todo sentido a explicação por si só. Não formamos gênios, no máximo talentos. O primeiro disse que talento é quando o atirador atinge o alvo que ninguém consegue, genialidade, é quando o atirador atinge o alvo que ninguém enxerga. O que acarreta em Nelson, quando o mesmo preludia que para um gênio, nascem dez mil imbecis. As escolas com seu peremptório, fazem das habilidades individuais, uma censura coletiva. As venustidades devem ser introjetadas, de modo a enaltecer a dúvida, e a aptidão, de cada todo nosso.
A bíblia do PT
12 anos de PT, e a estrela tende a "brilhar" por mais outros 12. Essa era uma especificidade do então mensalão, muito discutido todos os dias pelas grandes redes. O curioso é que ninguém, nenhuma mídia sequer, frisa o tópico das eleições. Acredito que boa parte dos eleitores não tem ciência ainda de quem são seus candidatos que virão a concorrer a seus prováveis postos.
Em ano de copa, em ano de julgamento do mensalão e da ascensão dos black blocks, estamos deixando de lado a essência que possibilita todos esses fatores, ou seja, as eleições. O diretor José Padilha, em entrevista ao Roda Viva, célebre programa da Tv Cultura, disse que os black blocks foram cruciais para o fim das manifestações tendo em vista as pessoas comuns. De fato, o simples trabalhador não vai mais pela violência, e pelo comportamento da mídia que equipara a todos os manifestantes, tratando-os com um vil grupo de marginais. Esta aí Sininho com o Freixo, e acredito que até o Paes e o Cabral incitem certas pessoas a quebrarem tudo, para que justamente haja redução no número de pessoas para com as manifestações.
Com tudo isso em pauta, alguém acredita numa improvável derrocada do PT? É um tanto quanto difícil. E digo mais, caso os mensaleiros sejam soltos em breve, e decidam se candidatar, eles obtém um provável e abjeto êxito. Esse típico comportamento religioso que exacerba o sonho, a esperança, o perdão e todos esses fatores, só faz com que a política sórdida se perpetue. Afinal, o mensalão nada mais é que uma bíblia.
Encerrando com Brecht
Sobra a Construção de Obras DuradourasQuanto tempo
Duram as obras? Tanto
Quanto o preciso pra ficarem prontas.
Pois enquanto dão que fazer
Não ruem.
Convidando ao esforço
Compensando a participação
A sua essência é duradoura enquanto
Convidam e compensam.
As úteis
Pedem homens
As artísticas
Têm lugar pra a arte
As sábias
Pedem sabedoria
As destinadas à perfeição
Mostram lacunas
As que duram muito
Estão sempre pra cair
As planeadas verdadeiramente em grande
Estão por acabar.
Incompletas ainda
Como o muro à espera da hera
(Esse esteve um dia inacabado
Há muito tempo, antes de vir a hera, nu!)
Insustentável ainda
Como a máquina que se usa
Embora já não chegue
Mas promete outra melhor.
Assim terá de construir-se
A obra pra durar como
A máquina cheia de defeitos. Daniel Muzitano
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