quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A dificuldade de ser escritor


Breve gente seja dúvida. A arte não é um espelho para refletir o mundo, mas um martelo para forjá-lo, Maiakovski.

A dificuldade de ser escritor

Se formos analisar e contemplar como terminaram os maiores escritores do mundo, chegaremos a luzidio conclusão de que ser escritor, é antes de mais nada um desafio. Só para citar alguns exemplos: Shakespeare adquiriu para consigo uma febre forte decorrente de uma graúda embriaguez. Também no campo do álcool, estão inseridos Bukowski e Fernando Pessoa. Já no campo do suicídio, Maiakovski e Hemingway. Sem contar o tão versado Nietzsche, que faleceu num manicômio, assim como Artaud. Claro que existem grandes escritores que tiveram melhor sorte, e consequentemente, uma morte menos trágica. No entanto, você há de convir que tais, não passam de exceções da regra, afinal, a grande maioria foi tomada pela rédea da insanidade.

Averiguando não apenas o fim, mas o processo de vida. Todos tiveram uma dificuldade incomplacente no que tange ao simples fato de escrever e obter algum brilhareco em reconhecimento. Ainda hoje, mesmo com todo aparato dos tempos modernos, nota-se uma tamanha veemência para não formar uma doutrina de escritores, ou uma escola literária por assim dizer.

No Brasil, os considerados escritores que mais vendem, denominam-se por Paulo Coelho, Cortella e Ausgusto Cury. Todos que tem como especificidade impor respostas e certezas, e dilacerar a crítica e a dúvida. Fora que ambos sabem lidar com o fator religioso, donde jamais discordam. Todos são inócuos, por isso, conservadores.

Uma criança emana hoje com cerca de 90% de chance de fazer parte de uma família religiosa. Logo, ela se apoderá com a linguagem de um auto ajuda; aspecto similar ao de qualquer dogma. Aí, posteriormente, ela se depara com Sócrates, Platão e Aristóteles no contexto da filosofia. Seus professores irão preludiar que os três são as referências desse inaudito campo filosófico. Na língua portuguesa, vão massacrá-la com Lima Barreto, Cruz e Souza e Machado de Assis; de modo com que o formato desestimula a vontade da criança de buscar o saber do pensamento.

E como a criança só teve respostas, não entende o que se passa durante sua formação. É tudo demasiado túrbido. Se essa, ainda tiver problemas para se relacionar com a família, ou mesmo, com terceiros, aí sim a coisa se agrava. Tudo que estou abordando, aconteceu mais ou menos comigo. Só passei a escrever, ao término de 2008, quando me deparei com Nietzsche na faculdade. Primeiramente o estudei, para depois redigir algo. Faz todo sentido a frase de Henry Miller, ninguém é escritor a não ser que tenha sofrido.

O impressionante é que você passa quase duas décadas dentro de uma escola, sem escrever um poema, sem ouvir uma música, e sem sequer escrever um único pensamento próprio. Claro que sempre questionei as coisas sem ter motivo, mas graças a isso, não me fiz refém de nenhuma certeza religiosa. E por conseguinte, a literatura acabou me escolhendo. E mesmo quando há essa descoberta, a área da escrita se faz impenetrável, a não ser que você tenha uma fonte dentro dela. E caso tenha, você deve se submeter a essa, de modo que se descaracteriza como escritor. A saída passa a ser apenas uma, arrumar um emprego pífio, e continuar escrevendo de modo que haja uma grande ostentação da massa no que se concerne a teus textos; algo quase que impossível por todas essas razões já apontadas.

Você fica deprimido, pensa às vezes em suicídio. Mas tenta se recuperar a cada verso. Pela madrugada, tive a audácia de escrever um poema, baseado em tudo que abordei nesse respectivo post. Segue tal abaixo:

Perda

Duas horas da manhã, estou cansado,
coração bate frio, rosto calado.
Olho as paredes, 
e nada enxergo ao redor.

Estou morto, 
preso aos amores do passado.
Estou sem mim, só neste quarto,
pensando na luta contra o mundo amanhã.

Fico pensando sobre o relógio do tempo,
o que ficará de mim, em meu pensamento.
A mazela da obra,
da ópera.

A tristeza talvez seja o ponto de equilíbrio,
a dor da alma, 
a elevação do delírio.
Dois rios maiores de insensatez.

Ser escritor, é duelar contra o suicídio toda vez que se está só. Escrever, é pausar dez infinitos de escuridão, gritar contra o mundo que não lhe dá ouvido, para que no futuro eu não seja esquecido, e para que um menino, queira ser escritor.

Daniel Muzitano.

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