segunda-feira, 15 de setembro de 2014
Deus não pode ser uma ditadura
Quando levamos em conta qualquer tipo de religião, nos deparamos com esboços emblemáticos, com especificidades contidas nas palavras: sonho, esperança, amor, solidariedade, compaixão, dentre outras de mesma faculdade. Termos que por sua vez, aclaram que a realidade na qual vivenciamos não é lá das melhores. Pois bem.
Essa realidade comporta escolas com nomenclaturas religiosas, feriados religiosos, população assiduamente religiosa, nome das ruas, pontos turísticos: tudo ou quase tudo faz alusão para com o peremptório. Ou seja, a religião usa seus traços para execrar uma realidade que ela mesma a impera. Tanto domina que a igreja é a única entidade isenta de impostos. Sigamos.
Além dos traços abordados, a religião também espalda para com a desvalorização do cotidiano, e por conseguinte, o não ato de pensar. Afinal, quando abordamos uma possível outra vida, ou mesmo um outro mundo. Nega-se logo a vida presente, e quiçá, não entendamos o que se passa com nós mesmos.
Um exemplo: quando ainda adolescente eu não era lá tão religioso. Todavia, acreditava demasiadamente num Deus. Em dado momento na minha fase escolar, era constante, sobretudo em matemática, uma nota ruim. No entanto, eu estudava de modo veemente e rezava para que Deus me confortasse com um resultado melhor. A conclusão que eu cheguei quando me tornei cético fora muito simples. Portanto, eu deixava de entender o que se passava comigo para me submeter a algo. No caso, um Deus.
Eu não conseguia assimilar se o problema estava na forma com que eu estudava, se o problema era o próprio ensino do país, se estaria o mesmo presente no que eu estudava, se os professores eram de fato solertes. Enfim, eu ignorava todas as hipóteses, e com isso não chegava a uma solução.
Além do não entendimento, a religião comporta nos dias de hoje nada mais que casos nefandos de pedofilia contra crianças. Sem levar em consideração que sujeitos como Fernandinho Beira-Mar conseguem redução de pena prevista em lei pelo simples fato de terem lido uma bíblia. Ou, de estarem exercendo uma faculdade gratuita de teologia dentro duma penitenciária.
Logo tão, um cara que opta pelo ateísmo; direito legal e cada vez mais raro devido as circunstâncias. É tratado de modo pior que um Beira-Mar. Eu por exemplo já deixei de arrumar um bom emprego, já deixei de ganhar uma boa mulher, já briguei com a minha família; e tudo isso porque cheguei ao raciocínio que não preciso de religião alguma na minha vida. Não que eu esteja certo, tampouco errado. Mas o que desejo é que a ideia de Deus seja repensada primeiramente, e mais tarde, que seja algo de livre escolha. E não algo imposto pela sociedade. Muitos dos fiéis que "lutam" contra o preconceito, possuem tal dez mil vezes mais fortificado quando perguntados sobre ateus.
E nem entraria em questão que a bília possivelmente é uma versão de Anaximandro de Mileto pessimamente decodificada. Se não fosse extremamente nociva para com minha vida. Raciocinemos: dizem alguns que Deus é eterno, e ainda sim que somos filhos dele. Se ele é infinito, é um. Sendo mais de um, ele iria de encontro a um outro, e logo, não formaria absolutamente nada. Sendo apenas um não poderia conceber. Quem gera tem início. E quem tem início, tem fim. Ou seja, seria impossível o fato do mesmo ser eterno.
E para estabelecer minha consecução, uma frase bastante interessante do escritor russo Tolstoi: "Não é o gênio, nem a glória, nem o amor que medem a elevação da alma. Mas sim, a sua bondade". E para ter clemência, não necessariamente devemos dispor de alguma crença. Tenho Nietzsche como referência intelectual. Prezo sim pela frase do mesmo de que a fé não move montanhas, e sim, coloca mais uma onde não há. Todavia, independente do que penso ou deixo de pensar. Deus deve ser visto como algo que agregue, e não como uma ditadura presente na vida do homem. Sou cético sim. Odeio esta coisa esquerdista de que todos somos iguais. Pois prefiro a minha diferença que engloba poesia, literatura e filosofia, a ser visto como mais um. Pago o preço por isso. No entanto, meu troco está muito além de uma moeda. É isso.
Daniel Muzitano
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