quarta-feira, 21 de maio de 2014

O sol essencial para o refúgio


Breve gente seja dúvida. Mediante a cintilante publicação do colunista da Veja, Felipe Moura. Pude rememorar o benigno escritor Honoré de Balzac; popularmente conhecido pelo seu sobrenome. O francês disse há mais de um século que o homem começa a morrer quando perde seu entusiasmo.

Em contrapartida a essa inaudita frase, o não menos rútilo Nietzsche nos condecorava com o dito de que nunca é alto o preço a pagar pelo privilégio de pertencer a si mesmo. No entanto, há um infinito relativo entre alto e baixo. Dançar conforme a música e abdicar de seus preceitos morais, ou, formulá-los criando a tua própria dança?

Trata-se de debater o conceito de Anaximandro, ou seja, da não popular guerra dos contrários. Como todos nós sabemos, é raro termos bons jornalistas, bons colunistas, bons atores, bons diretores: Referências, seja lá qual for a área. Exemplos como a Xuxa, o Paulo Coelho, o Ghiraldelli, a Ivete e o Luciano Huck não faltam como movimento de genocídio ao saber. E todos esses se prestaram a que? Criaram a própria música ou dançaram conforme a dos outros?

Um ser humano hoje com 18 anos é fatalmente, eu diria até indubitavelmente, um idiota que veste a camisa do Che Guevara achando o capitalismo algo injusto. Tenho 23 anos de idade e sofro de modo amiúde com a falta de pessoas que me propiciem um diálogo benigno. Um sujeito hoje que provêm de uma venusta e opulente leitura, portanto, que tenha uma exacerbada aptidão para construir, se exaspera com uma maioria demasiadamente infantil e parva. Logo tão, quando não se sintoniza com a burrice, ora se isola, ora se embriaga; ou pior ainda, ora se droga. Em suma, dificilmente consegue manter uma relação longínqua com uma possível namorada por exemplo. Pois para o ser que apresenta o pouco valorizado discernimento intelectual, lamber a ineptidão é deixar de existir.

Para concluir, o homem inteligente é por vezes forçado a embebedar-se ou isolar-se para aturar os idiotas que aparecem no dia a dia, Hemingway. Resumindo, a loucura será sempre o sol essencial para o refúgio.    
Daniel Muzitano

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Sem ou cem



Breve gente seja dúvida. Seja na virada cultural, seja numa aurora qualquer, as consideradas "Manifestações" só tendem a continuar. Para quem não tem ciência do que se trata, a tida virada cultural foi um projeto iniciado por José Serra em 2005, e que tinha por sua vez como principal objetivo promover 24 horas de atividades culturais nos mais diversos pontos do Brasil.

Este fim de semana ocorreu a segunda virada cultural com o PT à frente do projeto, dentre os dados,18 arrastões, 13 mil abordagens feitas e cerca de 4 mortes. Os petistas investiram 13% a mais se comparado com o evento anterior, ou seja, estima-se cerca de 13 milhões aos cofres públicos em sua totalidade. O adendo é que o número de palcos e equipamentos foi reduzido apesar do custo ter sido maior. Aonde está a diferença?

Bom, advindo desse aglomerado, tenho notado o mau uso metafórico do termo revolução. A palavra é de semblante veemente e tem para alguns o soneto emblemático de Che Guevara, o tal herói da "Justiça social"; aquele que por sua vez matava, torturava e esquartejava seus inimigos em nome do "Bem maior do mundo". Já elaborei a pauta de que os fins não justificam os meios, mas sim, os meios qualificam os fins. Ernesto inseria como finalidade a justiça e a liberdade, no entanto visava obter êxito através das práticas já citadas.

Retrocedendo ao termo revolução, raciocinemos; para alguns significa destruir, para outros talvez inventar, para tantos talvez se traduza como o ápice do saber, para a grande maioria por ventura a palavra incorpore destruir como ponto semântico de solucionar. Qualquer aversão a um fim considerado justo, tem como resposta hoje o deteriorar. Esquerdistas quando quebram são revolucionários, direitistas quando dilaceram são ditadores. Os rebeldes da chapa branca não conseguem assimilar que a quão revolução tem o simples significado de construir.

Ao nos igualar, o governo destrói o questionamento, a criação, e em essência, as aptidões individuais. O mesmo serve para os adeptos ou não do governo, afinal, todos são esquerdistas. Portanto, ao invés de construírem, destroem. E depreendo que somos túrbidos quanto ao ato de revolucionar devido o porquê de que a verdade é apenas um ponto de vista segundo o brilhante Nietzsche. Equiparar o sistema educacional com os demais, principalmente no que tange o penitenciário, é algo de suma sordidez. Os anjos revolucionários da esquerda são idealistas, logo tão, se destruirmos o seu céu, eles constroem o seu próprio inferno. É a velha ideologia do sem ou cem, algo de faculdade tão magna que mediante a propaganda podemos construir cem vezes mais sem ter feito absolutamente nada. É isso.

Daniel Muzitano

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Os meios de Maquiável



Breve gente seja dúvida. Ninguém alguma vez escreveu ou pintou, esculpiu, modelou, construiu ou inventou, senão para sair do inferno, Artaud.

Os meios de Maquiável

Ao longo da minha ainda exígua vida, escutei deveros intelectuais tanto de esquerda como de direita, citarem o tão famoso Nicolau Maquiável com a frase: "Os fins justificam os meios". Mas será que realmente faz sentido? Ontem estive pensando no caos que o Rio está vivenciando no que diz respeito para com as greves de ônibus. E por conseguinte, por simples e somente corolário, tive a audácia de estabelecer um elo entre Maquiável e a atual situação.

Os grevistas reivindicam em nome de um alto reajuste, e em suma, à busca por condições melhores de trabalho. A greve então tem por finalidade buscar uma melhoria de vida para os motoristas e cobradores. Logo tão, a melhoria de vida é o fim. Bem como a greve é meio. A melhoria de vida justifica a greve? Ou é a greve que qualifica a melhoria de vida?

Em paralelo, os black blocks também são adeptos da greve. A melhoria de vida é o fim, bem como a greve é o meio. Mas o grupo trata a greve sobre outra forma de interpretação; para eles, fazer greve é destruir ao invés de deixar de trabalhar. Portanto, notem que a finalidade será sempre cintilante, mas o meio como se chega a ela é que modifica a faculdade da finalidade. É como você comparar duas garotas que almejavam ser atriz. Uma conseguiu mediante o teste do sofá, e a outra obteve o êxito por competência. Reparem que mais uma vez trata-se de um belo fim, contudo o meio com que cada uma obteve foi o que qualificou a finalidade. Ou seja, os "Gênios seguidores" de Maquiável são umas antas. Se os fins justificassem os meios, estaríamos aplaudindo tanto a atriz do sofá como os black blocks terroristas. E penso que não estamos.

É de clarividência também que não podemos deixar de lado a época. Maquiável preludiou a clássica frase em conflito para com o despotismo italiano. Mas fazer de tudo para impedir a perpetuação daquele governo seria um ato digno? O "Tudo" compõe morte, censura, tortura, roubo e por ai vai. Deve-se atingir o fim independente do meio? De duas, uma. Ou Maquiável era uma anta, ou era um psicopata inteligente. Fica sob critério de vocês optar. Sendo um ou outro, não pode ser ovacionado como modelo padrão literário no que prima o mundo. Creio que quem o exalta não reflete, em suma, trata-se de um bando de imbecis que o aplaudem sem saber do que se trata. É como dizia Goethe: O declínio da literatura indica o declínio de uma nação.

Para estabelecer uma consecução concreta: Xuxa e Marília Gabriela ansiavam pela carreira de ser apresentadora. É de notório contemplar que em mais uma oportunidade a bandeira do fim é sempre benigna. No entanto, a primeira conseguiu participando de filme pornô, e a segunda se sagrou pelo fato de ter desempenhado uma vida dedicada aos estudos. E mais uma vez os meios qualificaram os fins. E sabe qual é o detrimento máximo dessa comparação? A primeira ainda é chamada de rainha. É, este o país da copa. É isso.

Daniel Muzitano

terça-feira, 13 de maio de 2014

Quanta loucura


Breve gente seja dúvida. Voando e flutuando sobre a têmpera do tempo. Se a minha loucura tivesse explicação não seria loucura, Nietzsche.

Nem para xingar 

Está se tornando frequente o fato do carioca ao acalentar, se deparar com a chué notícia das greves de ônibus que pairam sobre a antes maravilhosa cidade. Tais que por sua vez, se fazem de extremo legítimas se considerarmos o mau salário e as condições cedidas pelas autoridades públicas. O que não podemos deixar de compreender é a dissociação; um ponto é a greve dos ônibus, o outro é uma horda de vândalos que lesam o patrimônio público e picham ruas se dizendo revolucionários. Quão bem, tais black blocks expressam tal ato porque são financiados seja pela falsa oposição, seja pelo farisaísmo do próprio estado afim de solicitar uma verba maior.

Todo esse aglomerado vem se alastrando desde que o país foi anunciado como sede para a copa 2014. Aliás, tantas outras esferas foram preludiadas de mesma era, enfim. O que ontem me causou bastante espanto é que os mascarados não servem sequer para xingar. Avistei inúmeros piches com os seguintes escritos: "Greve já. Vão se fuder", "Vão tomar no cú".

Caros marginais, noto com a máxima misantropia que a gramática também não é lá o forte de vocês. Foder se escreve com "o", advém de foda. Aliás, vocês nunca devem ter tido uma mulher sequer na vida, mal sabem redigir o termo. E quanto ao cu, o mesmo está constituído numa regra clássica dos monossílabos. Esses são acentuados apenas se terminados em "A, "E" ou "O". E o Caetano e o Chico, heróis da inteligência culta brasileira, celebram de forma veemente os nauseabundos marginais. É, tem gente que não serve nem para xingar.

O jogo  

Não pude ter paz ao dormir, devido ao incômodo profundo no que tange um questão da minha tão pós graduação. O exercício a meu ver se tratava de uma promiscuidade filosófica, semântica, e de igual como epílogo da prova, a tão temática e libidinosa língua portuguesa. Dizia a tarefa:

Todos os sintagmas nominais abaixo aparecem na primeira estrofe do texto Cruz e Souza, exatamente com as noções de termos modificadores e núcleos( Esses, sublinhados), exceto um:

A) Eternas origens vivas da luz                             B) Imortais origens vivas da luz

C) Eternas origens vivas do aroma                       D) Imortais origens vivas do aroma

E) Imortais origens vivas das segredantes vozes

Depois de muito averiguar nas ditas funções, não conclui uma resposta concreta. Portanto, decidi investir em outras causas. Se Nietzsche relatava que toda palavra é uma metáfora, gostaria de saber o porquê de termos modificadores não serem apenas significados.

A palavra "Origens" pode remeter a luz no âmbito de dar luz. O grau semântico seria possivelmente límpido, e, por conseguinte, dilaceraria todas as opções donde não há luz. Mas qual seria a diferença entre "Eternas e Imortais"?

Eternas é algo expansivo. Origens no sentido de nascimento, seriam vários nascimentos, ou seja, a perpetuação da espécie. Já o "Imortais" não implicaria quão no mesmo grau, pois o imortal não morre, e logo tão, não nasce. Quem emana, tem início. E quem tem início, tem fim. A palavra em si não destacaria origens. A ideia é baseada no milesiano Anaximandro. Segundo minha convicção interpretativa, poderia vir a ser a primeira opção . Todavia, às vezes o árduo não é tão. Bastava apenas alterar as frases para se chegar a conclusão que a única que não perde o sentido é a letra E. É como dizia o magno Guy de Maupassant: "A conversa é o jogo de raquete das palavras e das ideias". É isso.

Daniel Muzitano

terça-feira, 6 de maio de 2014

O tal braço


Breve gente seja dúvida. "Os homens distinguem-se entre si também neste caso: Alguns primeiro pensam, depois falam e, em seguida, agem; outros, ao contrário, primeiro falam, depois agem e, por fim, pensam", Tolstoi. Que epílogo.

O braço direito ou o braço-direito

Esta pós graduação está me fazendo perceber aspectos que até então não notava em outrora. Por exemplo, o fato de "Prazer" ser um verbo. São vinte e três anos ouvindo tal palavra, e sequer sabia que era um verbo. Como bem creio que 99% dos habitantes deste país também não tenham a mínima ciência do respectivo inédito. A primeira pessoa do mais que perfeito, acreditem, é "Eu Prouvera".

Ah, como não poderia deixar de ser, gostaria de deixar um efusivo abraço para todos os ministros da educação nesses vinte e três anos, aos donos de escolas, aos programas de Tv, as minhas professoras que me fizeram decorar regras ridículas a ponto tamanho de me fazer esquecer tudo, e claro, aos presidentes Collor, Itamar, Fhc, Lula e Dilma que foram incapazes de elaborar um programa de educação a longo prazo.

Minha reminiscência anda um tanto quanto nefasta. Contudo, lembro de regras para gravar as preposições: A, ante, após, até, com, contra, de, desde, para, perante, por, ser, sobre, sob................E olha que não duvido que até os dias de agora isso esteja sendo implementado como sistema de ensino. E quanto as musiquinhas para gravar respostas visando provas de vestibular? Ainda somos muito diletantes no que se concerne para com a educação. E não tão somente essa.

Eu estava como uma pequena interrogação a respeito do título. Qual seria o termo culto? Braço direito ou Braço-Direito? Seguindo a exígua aulinha. O tal novo acordo ortográfico é algo no mínimo túrbido. O "Braço-Direito" é utilizado quando fizer alusão a pessoa (s), por exemplo: "Nos últimos vinte e três anos, todos os citados acima foram o braço-direito da ignorância". No entanto, quando uso de outra forma o certo é "Braço- direito". Ou seja: "Ao jogar futebol, desloquei meu braço direito". Há quem diga que a explicação da regra nova se baseia na seguinte pauta: Se eu não fizer referência ao primeiro termo ( Braço) ou ao segundo( Direito) ,por corolário, existe a necessidade de um terceiro termo. E tal remete ao nosso conhecido hífen . A conclusão a qual podemos chegar é apenas uma: "Direito hoje no Brasil é só o braço mesmo". É isso ai.

Poema

Os braços

Já me não lembro quando,
num encanto de tanto do que só se é.
No confronto a que não sou de aclamo,
optam pela ineptidão daquele que se é.

Palavras que descrevem mundos,
são céus profundos de farisaísmo formidável.
A escrita de um escritor moribundo,
é mais que um rascunho para tal realidade.

Robusteço o luzidio e elã,
de amanhã como para um canto.
Lutando contra a igualdade, a merda do ecad,
e a bosta do Caetano.

Chico já não mais vive,
Roberto é de tão Anitta.
Gabriel, o tal García,
dá dor de barriga a quem sabe escrever.

É globo, Pt, Psol,
tucanos e outros bichos.
Quem hoje já cheirou pó, perece tão só,
em se fazer digno.

Daniel Muzitano

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Poema


Breve gente seja dúvida. "A grande vaia é mil vezes mais forte, mais poderosa, mais nobre do que a grande apoteose. Os admiradores corrompem", Nelson Rodrigues.

Porta inefável

Entre Rimbaud e o tempo, 
o palácio tormento de aglutinar a vida. 
E da lamúria que jamais escrita, 
somos dois sóis,
em uma enervada solidão.

Henry Miller lia páginas,
imperava o longínquo acústico da calma.
Segundo ele a que de tanto esmeralda, 
devemos ler para oferecer à nossa alma,
 a oportunidade de se ter luxúria.

Retratos realçam aspectos,
traços enérgicos que estão além da nossa imaginação.
E o problema do amor era este,
o fato de ninguém decifrar dois ontens,
 em um tão amanhã.

De tudo a um amor passado,
do irreparável ao inexprimível.
Desse todo ar a que inefável,
éramos duas solidões escuras,
em busca de luz. 

Daniel Muzitano