quinta-feira, 15 de maio de 2014

Os meios de Maquiável



Breve gente seja dúvida. Ninguém alguma vez escreveu ou pintou, esculpiu, modelou, construiu ou inventou, senão para sair do inferno, Artaud.

Os meios de Maquiável

Ao longo da minha ainda exígua vida, escutei deveros intelectuais tanto de esquerda como de direita, citarem o tão famoso Nicolau Maquiável com a frase: "Os fins justificam os meios". Mas será que realmente faz sentido? Ontem estive pensando no caos que o Rio está vivenciando no que diz respeito para com as greves de ônibus. E por conseguinte, por simples e somente corolário, tive a audácia de estabelecer um elo entre Maquiável e a atual situação.

Os grevistas reivindicam em nome de um alto reajuste, e em suma, à busca por condições melhores de trabalho. A greve então tem por finalidade buscar uma melhoria de vida para os motoristas e cobradores. Logo tão, a melhoria de vida é o fim. Bem como a greve é meio. A melhoria de vida justifica a greve? Ou é a greve que qualifica a melhoria de vida?

Em paralelo, os black blocks também são adeptos da greve. A melhoria de vida é o fim, bem como a greve é o meio. Mas o grupo trata a greve sobre outra forma de interpretação; para eles, fazer greve é destruir ao invés de deixar de trabalhar. Portanto, notem que a finalidade será sempre cintilante, mas o meio como se chega a ela é que modifica a faculdade da finalidade. É como você comparar duas garotas que almejavam ser atriz. Uma conseguiu mediante o teste do sofá, e a outra obteve o êxito por competência. Reparem que mais uma vez trata-se de um belo fim, contudo o meio com que cada uma obteve foi o que qualificou a finalidade. Ou seja, os "Gênios seguidores" de Maquiável são umas antas. Se os fins justificassem os meios, estaríamos aplaudindo tanto a atriz do sofá como os black blocks terroristas. E penso que não estamos.

É de clarividência também que não podemos deixar de lado a época. Maquiável preludiou a clássica frase em conflito para com o despotismo italiano. Mas fazer de tudo para impedir a perpetuação daquele governo seria um ato digno? O "Tudo" compõe morte, censura, tortura, roubo e por ai vai. Deve-se atingir o fim independente do meio? De duas, uma. Ou Maquiável era uma anta, ou era um psicopata inteligente. Fica sob critério de vocês optar. Sendo um ou outro, não pode ser ovacionado como modelo padrão literário no que prima o mundo. Creio que quem o exalta não reflete, em suma, trata-se de um bando de imbecis que o aplaudem sem saber do que se trata. É como dizia Goethe: O declínio da literatura indica o declínio de uma nação.

Para estabelecer uma consecução concreta: Xuxa e Marília Gabriela ansiavam pela carreira de ser apresentadora. É de notório contemplar que em mais uma oportunidade a bandeira do fim é sempre benigna. No entanto, a primeira conseguiu participando de filme pornô, e a segunda se sagrou pelo fato de ter desempenhado uma vida dedicada aos estudos. E mais uma vez os meios qualificaram os fins. E sabe qual é o detrimento máximo dessa comparação? A primeira ainda é chamada de rainha. É, este o país da copa. É isso.

Daniel Muzitano

2 comentários:

  1. Meu jovem amigo pensador, eis uma boa dissertação. Teu post oferece "pano para muita manga", e é isso ai. Minha humilde opinião sobre Maquiavel: o cara era um grande cínico. Quanto aos baderneiros, desordeiros que existem de todo o lado, parece que esses caras não têm consciência, ou são doentes, débeis mentais, bandidos sem causa...pois a princípio, todo indivíduo mesmo possuindo um pequeno grau de assimilação da realidade é capaz, grosso modo, de discernir o certo e o errado, portanto...
    Um abração daqui do sul do Brasil. Tenhas um bom dia.

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