terça-feira, 13 de maio de 2014

Quanta loucura


Breve gente seja dúvida. Voando e flutuando sobre a têmpera do tempo. Se a minha loucura tivesse explicação não seria loucura, Nietzsche.

Nem para xingar 

Está se tornando frequente o fato do carioca ao acalentar, se deparar com a chué notícia das greves de ônibus que pairam sobre a antes maravilhosa cidade. Tais que por sua vez, se fazem de extremo legítimas se considerarmos o mau salário e as condições cedidas pelas autoridades públicas. O que não podemos deixar de compreender é a dissociação; um ponto é a greve dos ônibus, o outro é uma horda de vândalos que lesam o patrimônio público e picham ruas se dizendo revolucionários. Quão bem, tais black blocks expressam tal ato porque são financiados seja pela falsa oposição, seja pelo farisaísmo do próprio estado afim de solicitar uma verba maior.

Todo esse aglomerado vem se alastrando desde que o país foi anunciado como sede para a copa 2014. Aliás, tantas outras esferas foram preludiadas de mesma era, enfim. O que ontem me causou bastante espanto é que os mascarados não servem sequer para xingar. Avistei inúmeros piches com os seguintes escritos: "Greve já. Vão se fuder", "Vão tomar no cú".

Caros marginais, noto com a máxima misantropia que a gramática também não é lá o forte de vocês. Foder se escreve com "o", advém de foda. Aliás, vocês nunca devem ter tido uma mulher sequer na vida, mal sabem redigir o termo. E quanto ao cu, o mesmo está constituído numa regra clássica dos monossílabos. Esses são acentuados apenas se terminados em "A, "E" ou "O". E o Caetano e o Chico, heróis da inteligência culta brasileira, celebram de forma veemente os nauseabundos marginais. É, tem gente que não serve nem para xingar.

O jogo  

Não pude ter paz ao dormir, devido ao incômodo profundo no que tange um questão da minha tão pós graduação. O exercício a meu ver se tratava de uma promiscuidade filosófica, semântica, e de igual como epílogo da prova, a tão temática e libidinosa língua portuguesa. Dizia a tarefa:

Todos os sintagmas nominais abaixo aparecem na primeira estrofe do texto Cruz e Souza, exatamente com as noções de termos modificadores e núcleos( Esses, sublinhados), exceto um:

A) Eternas origens vivas da luz                             B) Imortais origens vivas da luz

C) Eternas origens vivas do aroma                       D) Imortais origens vivas do aroma

E) Imortais origens vivas das segredantes vozes

Depois de muito averiguar nas ditas funções, não conclui uma resposta concreta. Portanto, decidi investir em outras causas. Se Nietzsche relatava que toda palavra é uma metáfora, gostaria de saber o porquê de termos modificadores não serem apenas significados.

A palavra "Origens" pode remeter a luz no âmbito de dar luz. O grau semântico seria possivelmente límpido, e, por conseguinte, dilaceraria todas as opções donde não há luz. Mas qual seria a diferença entre "Eternas e Imortais"?

Eternas é algo expansivo. Origens no sentido de nascimento, seriam vários nascimentos, ou seja, a perpetuação da espécie. Já o "Imortais" não implicaria quão no mesmo grau, pois o imortal não morre, e logo tão, não nasce. Quem emana, tem início. E quem tem início, tem fim. A palavra em si não destacaria origens. A ideia é baseada no milesiano Anaximandro. Segundo minha convicção interpretativa, poderia vir a ser a primeira opção . Todavia, às vezes o árduo não é tão. Bastava apenas alterar as frases para se chegar a conclusão que a única que não perde o sentido é a letra E. É como dizia o magno Guy de Maupassant: "A conversa é o jogo de raquete das palavras e das ideias". É isso.

Daniel Muzitano

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