terça-feira, 18 de março de 2014

O preço


Breve gente seja dúvida. O poeta português Fernando Pessoa, promulgou certa vez que quando escrevia, visitava a si mesmo de forma solene. Hemingway ressaltava que seu psicanalista era a sua máquina de escrever. Eu vos digo, baseado nesses e em outros, que escrever é um silêncio digno da congruência na voz do teu próprio nada.

No Brasil, e não tão somente, escrever é antes de tudo um processo íngreme. Ao frisar sobre o tema, é pouco provável que consigamos analisá-lo de forma concisa, lacônica. Há muitos erros de berço literário, e há muitos equívocos políticos educacionais, no que se concerne a tal âmbito.

É de tão uma criança passar quase duas décadas na escola, e sair da mesma sem sequer elaborar uma poesia, é de um detrimento de tempo irremediável. Ninguém conhece Artur Azevedo, Carlos Pena Filho, e pior, ninguém tem ciência de quem foi Nelson Rodrigues. O modo esquerdista de designar redação, poesia, a literatura num todo como algo maçante e abjeto, é o fim dos séculos. E se todos são emblemas, se todos são repetições, não haverá nunca poesia, já que tal, implica tão na venustidade das referências como algo que compila o lado interpretativo de cada um.

Além dos erros deveros, suponhamos que o jovem descubra mediante a internet, coisas que estão além do mundo acadêmico, e decida por sua vez, escrever um livro; algo meramente possível diga-se de passagem. Sabem qual é o custo para se publicar um livro nos dias de hoje?

Esta semana tive a audácia de dialogar com um menina que acabou de assinar dois contratos com a editora novo século, a mesma que por assim dizer se chama Beatriz Cortes, e que acabara de lançar dois livros respectivamente. Segundo a moça, o custo hoje para se publicar uma obra, chega a estupendos 10 mil reais por baixo. Podendo chegar até 20 mil reais. É, pois é. Ser escritor no Brasil é quase um crime. E o que ocorre como resultado do processo? Livros de auto ajuda, afinal, se o aluno é tratado como mais um, tratará a todos da mesma forma; impondo respostas, e nunca dúvidas. E como o bom Borges preludiou certa vez: A dúvida é um dos nomes da inteligência.

E nos jornais? Temos a Xuxa, o David Brasil, Paulo Coelho(..........) são essas merdas que ocupam as colunas dos jornais, é realmente deplorável. Mas justificável, pelo modo no qual a literatura é tratada nesse país. Não haverá um Nietzsche, um Maiakóvski, mas sim Xuxas; prostitutas disfarçadas afim de gerar o que sempre invade nossas portas, a maior e mais triste das imbecilidades.
   
Daniel Muzitano

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