quinta-feira, 20 de março de 2014

"Encino"


Fonte: http://www.em.com.br/app/noticia/nacional/2014/03/17/interna_nacional,508657/uniforme-com-a-palavra-encino-e-entregue-em-escola-do-df.shtml

Ao meu ver, muito mais grave que a Crimeia, muito mais preponderante que um avião desaparecido, muito mais grave que esta política abjeta no Brasil, está o fato do nefasto grau de ensino. Estamos num país primoroso; pelo fato de termos a fulgência em sermos uma das trezentas línguas existentes, dentre mais de sete mil, que possuímos a tão ferida literatura.

O lamentável, é que mesmo sendo um dos poucos com esse êxito, ainda estamos discutindo o analfabetismo e as práticas canalhas de uma estruturação educacional de esquerda; o fato de equipararmos as crianças, de conseguirmos elaborar uma analogia entre escola e prisão, de não nos adequarmos a perspicácia de cada uma, de não implementarmos atividades culturais, dentre outras ausências tão significantes.

Em Brasília, capital suma deste tão belo verde e amarelo, uma instituição educacional redige o termo ensino com C, em plena camisa. Quanta falta de poesia. E quanto ao aparato tecnológico? Qual a ponte que temos entre o ensino e a internet? Nelson Rodrigues? Tales de Mileto? Debate sobre temas atuais? Música? Teatro? Não, preferem que saibamos decorar o nome de um rio, ou a data histórica de um evento irrelevante.

E quantos aos livros? Mal sabemos escrever o ensino. Será que a religião dilacera o saber? Afinal, quase todas as instituições de ensino possuem tal vínculo com a religião. Estamos urgentemente necessitando de um projeto de longo prazo, afinal, os dogmas também são de esquerda, tratam todos como meras repetições, são incapazes de construir e salientar uma luz própria em cada um de nós. É como promulgou certa vez o tão inteligível Antônio Abujamra, o tão pouco mencionado: "Quem quer, corre atrás. Porque não existe ensino, mas sim, aprendizado". O ensino aqui é com C.

Daniel Muzitano

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