Tive a desmesurada prerrogativa de acompanhar uma palestra on-line de - ao menos a meu ver - um dos melhores jornalistas deste país, portanto, William Waack. Dentre os diversos pontos trabalhados, um despertou-me certa circunspecção. O citado foi questionado sobre a influência do jornalismo brasileiro, sobretudo o da Globo, tomando o povo como o principal ponto de partida. Segundo ele - e eu concordo - a novela foi o primeiro instrumento a abordar certas questões que são debatidas pelas pessoas. Dentre tantas, destacam-se: as drogas, o papel da mulher, a família, o homossexualismo, a corrupção e etc.
Seguindo ainda com a tese, Waack ressalta que o jornalismo chega muito depois e tenta uma adequação aos princípios populares. Pois bem, a maioria do povo discute economia, esportes (com exceção do futebol; que até anda perdendo um pouco de espaço pois a novela não tem trabalhado o segmento) ou mesmo a privatização? Não, e muito pelo fato de a novela não aprofundar tais temas. Se o Jornal da Globo, por exemplo, influenciasse tanto assim, sim, estaríamos questionando economia, e decerto a Dilma não teria sido eleita.
O imprescindível desse âmbito - eu diria demasiado pernicioso - é que a base de nossas ideias são construídas a partir de uma ferramenta "cultural" burra para crescermos ou não enquanto sociedade; e usufruo desse adjetivo porque ela não retumba os pontos de modo aprofundado, aliás, apenas joga o tema no ar. A pergunta é: até quando perderemos tempo com isso? Em suma: "É sempre assim. Morremos. Não compreendemos nada. Nunca temos tempo de aprender. Somos envolvidos no jogo. Somos ensinados para com regras, e, levando em conta o poderio, na primeira oportunidade somos mortos intelectualmente", Ernest Hemingway. É isso.
Daniel Muzitano
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