sábado, 21 de maio de 2016

A propaganda da C&A reflete o lixo

Em sua mais recente campanha para o Dia dos Namorados, a loja da C& A claramente estabeleceu um paralelo entre o sexo e a roupa. Por meio do slogan "Misture, Ouse e Divirta-se", a empresa quer que adotemos o conceito de que o sexo, independentemente de opção sexual, seja generalizado comportando todos os homens, mulheres, gays, extraterrestres, gnomos, árvores etc. É preocupante estarmos rejeitando a noção de valores cruciais. Grosso modo, a mensagem é clara: "Em vez de uma relação séria, o "novo casal" deve ser liberal de modo que a traição vire algo autenticado pelo mais recente modelo de união.
Segundo a real intenção, o amor vai deixar de ter a natureza do "a dois", pasmem, com a finalidade de depreciar a riqueza do individualismo. Ou seja, a pessoa que é importante será equiparada a qualquer outra porque temos que "Misturar, "Ousar" e nos "Divertir". Ademais, por mais absurdo que isso possa parecer- diferentemente do Boticário- tenho plena asseveração quanto ao fato de que a empresa irá obter bastante lucro com a campanha haja vista que atingiu o seu público-alvo. Portanto, jovens na casa dos 20 e tantos anos que fazem da vida uma putaria infindável; obviamente sem o mínimo critério para nada. A meu ver, a pífia propaganda desvaloriza a bondade e a riqueza presentes no amor.
Agora, reparem bem nas palavras escolhidas. "Misture" e "Ouse", por exemplo, são verbos conjugados no presente do subjuntivo. Vamos ao óbvio: o valor específico do presente - que não é o único evidentemente- é qualificar um ato indissociável ao agora. E o do subjuntivo, além do plano da possibilidade e/ou da dúvida, comporta consigo uma ideia de desejo. Notem: (que eu misture/que ele/ela misture) e (que eu ouse/que ele/ela ouse). Adendo: Eu, ele e/ou ela?Vocês acham que as pessoas conjugadas são apenas coincidências? E o "OUSE"? Ousar é, segundo o dicionário, experimentar com coragem. Aí, e lá pelas tantas, além do desejo e da coragem, sim, uma ordem travestida de passividade. Percebam: "Divirta-se" está no imperativo afirmativo do verbo pronominal "DIVERTIR-SE". Imperativo advém de imperar(dominar). Por fim, a propaganda está mandando você seguir o padrão formulado. Esse "Se" tem como objetivo não deixar a mensagem evidente.
Dado o exposto, resta a pergunta: em que país estamos? Nelson Rodrigues ressaltou certa vez que: “Todo amor é eterno. E se acaba, não é amor”. Sentimentos assim estão sendo esvaídos das mais diversas formas. Essa falta de valor próprio definitivamente está maculando a alma de nossa bandeira de há muito tão ferida. Estamos deixando de criar futuros pais, e optando por deixar eternos filhos. Já diz o hino: "Dos filhos deste solo és mãe gentil".
Daniel Muzitano

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