terça-feira, 17 de novembro de 2015

Coitado do Cartola

Tenho de sobremaneira, e vale frisar que de há muito, uma admiração descomunal pelo então mestre Cartola e suas letras notavelmente opulentes. Hoje, perante um dia de bastante trabalho, sim, ouço dizer que o dito-cujo terá suas músicas cantadas por um tal rapper ridículo chamado Emicida. Esse "cantor", e que mau gosto denominá-lo desse modo, é fã da Dilma, assiste Bob Esponja e possui trechos desta têmpera:
"Só de ver o brilho no meu olho os falso já recua" ( TRINUNFO ) "Eu já quis ser Pablo Escobar, Fernando Beira-mar" ( ENTÃO TOMA ). Foda-se vocês, foda-se suas leis! ( DEDO NA FERIDA).
De súbito, desafio qualquer um aqui a citar uma letra dessa anta em que não há um erro de concordância. Ademais, olha só que referências o sujeito produz como base. Se levarmos em conta que o imbecil em questão é petista, de fato não é para ficarmos impressionados. Outra especificidade marcante na "obra" desse néscio é a vitimização, no caso dele, elevar o negro como pobre coitado e vítima do sistema. É isso que vai homenagear um dos maiores letristas de nossa música? É execrável, é de uma mendicidade sem tamanho.
Esse cara não representa a intelectualidade que o morro formulou um dia, não representa a raiz do samba, e sobretudo, não representa as mensagens e a rica base semântica do Cartola, que, por sua vez, não era um sujeito fraco e que vivia de lamúrias por aí. O que estão fazendo com este país? Se eu fosse uma "vítima do sistema" poderia até concordar com as músicas do Emicida, todavia parece que concordância não é lá o forte dele. Como dizia o ímpar Abujamra diante da demência alheia: "Que um raio aparta". Coitado do Cartola. É isso.
Daniel Muzitano

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