Sem prejuízo da lógica, consumindo leituras de tipos vários, o Brasil, em sua imaturidade inefável, bem pode ser compreendido como o país do passado. A expressão é elevadamente abjeta, mas cicia no imaginário de cada homem digno de nota. Lato sensu, leiam passado em matéria comportamental, e não como um mero ornato que respeita as belas tradições.
Em sua realidade jucunda, bem cabe a ironia, o brasileiro eliminou de sua vida o choro, o samba, a música erudita. Em contrapartida, mesmo com todas as ditaduras séculos antes tendo implementado o desarmamento, exempli gratia, discutimos, por mais de 50 anos, se isso é válido ou não. E é aí que reside o nosso subdesenvolvimento: na alma. Em vez de debaterem o desarmamento, países desenvolvidos o rejeitam e simplesmente discutem como se dará o uso das armas.
Ao par, o futebol brasileiro hoje aposta no que apostou em 1958, id est, na individualidade técnica. Em mais de 60 anos, decerto abolimos a tática e não evoluímos uma vírgula sequer nesse ponto. Portanto, somos o eterno passado, a infinita ignorância melíflua e risonha, pois a cegueira para com nosso passado estará nos próximos 20, 50, 60 anos. A acrescentar, há 50 anos pelo menos estamos discutindo o domínio das esquerdas e se estarão elas aptas, mesmo com experiências trágicas em todas as pautas existentes.
In terminis, o Brasil é o erro perpétuo, a pose tola e a caricatura ignóbil, a saber, incapaz de aprender com os próprios erros. A etimologia, como outro exemplo, tem milênios de vida, porém aqui sequer nasceu. Com o que vimos, o Brasil vilipendia a evolução, e, quando resolve mudar, opta por algo pior do que o seu passado, ao menos mais das vezes. Entretanto, para não sermos injustos, a Argentina tem uma ridicularidade ainda maior, de maneira que tal consegue ser pior em matéria de passado. Triste é o continente sem norma-padrão. Triste é o país do eterno passado.
Daniel Muzitano
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