In limine litis, mais precisamente de uma revisão feita ontem, estive a pensar por que razão, enquanto especificidades políticas, o brasileiro está atrelado à fofoca e ao fanatismo em produção de análises atinentes à pauta em questão. Assim, encontrei na novela e no futebol respostas não só consentâneas, bem como esclarecedoras.
Independentemente do assunto em votação, o cidadão primeiro visa à ofensa, de maneira que o debate sobre determinado assunto, esse fica menoscabado para segundo plano. Pari passu, ao assistir a uma novela, a respectiva cidadã, no meu mundo homem não assiste a isso, não torce para um personagem ir bem, mas sim para outro ir mal. Para tanto, são enfatizados, para com o indesejado, tão-somente os pontos negativos, e nunca certas habilidades do opositor.
Coadunado a isso, o time de um cidadão, ainda que beneficiado pela arbitragem, precisa ganhar de qualquer jeito. E é nisso aí que podemos entender as seitas pró-Lula ou pró-Bolsonaro. Grosso modo, embora tenha eu elevada aversão ao PT, sou inteligente para perceber no Lula, maior bandido da história, seu poder carismático e sua esperteza na arte de convencer. O senhor Freixo, por exemplo, conquanto tenha sempre críticas de minha parte, é articulado e tem potencial para crescer, pois convence muito jovem de cabelo verde.
Em outras palavras, ter uma bandeira política é algo necessário, mas isso não pode fazer do cidadão, quer pela influência da novela, quer pela influência do futebol, alguém inábil para analisar os pontos fortes do inimigo, tal como os pontos fracos e/ou críticas do aliado. A bem da lógica, Aras e Flávio são minhas críticas ao atual presidente, por exemplo. Por fim, a cegueira burra cria estorvos para a consolidação de uma base que faça frente a uma esquerda organizada, ainda que bem estulta e demasiado infantil.
Daniel Muzitano