quinta-feira, 6 de junho de 2019

De volta para o campo


Com a devida licença ao colendo leitor, data venia aos que gostam de latim, lembrá-lo-ei o motivo de meus 6 meses tácito, conquanto haja tantos que dele não esqueceram. Assim, pelo fato de que o Vasco, motivo de minha ausência, não tenha caído no último campeonato, diga-se, por um mísero gol, deixei de escrever, a pagar atinente a uma aposta em que cravei o clube na segundona deste ano. Pari passu, cá retrocedo e vejo o cruzmaltino em último; sem contar o vice-campeonato no carioca e a eliminação precoce na Copa do Brasil. Dados os fatos, que quando opostos a mim, pior para eles, falara certa vez o escorreito Nelson Rodrigues, ouso dizer que não errei, mas sim que adiei meu acerto.

Acertadas as contas, li a estultice de que Neymar, o eterno garoto, foi o melhor após Pelé. In verbis, respondo de modo curto que Neymar hoje não é o melhor sequer de seu time, haja vista que por lá está o campeão mundial Kylian Mbappé, o que traduz a pobreza nas chuteiras de nossas folhas jornalísticas. E já que usei o vocábulo melhor, Diniz e Sampaoli são esperanças para que o futebol brasileiro saia da mesmice, adote outros tipos de jogo e ganhe em termos de modernização. O senão é que nem um e nem outro, pior deveras para Diniz, possui um time tecnicamente à altura da escola à la Guardiola, que privilegia a bola, abdica do chutão e compila um repertório amplo de jogadas. Em suma, seria ótimo que um dos dois vencesse um torneio, ainda que eu não acredite pela limitação dos respectivos elencos.

Demais disso, Jorge Jesus é candidato outro para fazer parte do grupo, pois parece ser adepto de ideias similares; diria até irreprocháveis levando em conta a deliquescência tática pela qual o Brasil passa. Em pleno 2019, ainda estamos viciados no resultado, no primitivismo, no guarda-vala que não usa os pés, no cruzamento a todo instante: tudo remetendo à mais alta precariedade e falta de inteligência. Aliás, Abel é símbolo disso. À frente do Flamengo, levou gol em todas as partidas do campeonato brasileiro, bem como houve o sufoco para ganhar dos reservas do Atlético Paranaense, a derrota com um homem a mais em toda a etapa final para o Galo de Minas e o desespero contra o Peñarol; além de levar gols contra times de terceira e quarta divisões no carioca, com um plantel muito rico em quesito técnico. Entretanto, teve ele o vício do resultado. Há perspectivas? Talvez o Felipão, um Abel que arma melhor sua zaga, estrague mais uma vez o resquício de atualidade do futebol nacional. Bem-vindos! 

Daniel Muzitano

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