quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Mais um erro do notabilíssimo Pasquale

Conquanto reconheça sua importância colossal para com nossa língua, obrigado mais uma vez sou a vituperá-lo, ou melhor, criticá-lo. Em sua venusta coluna na CBN, o mestre em questão menoscabou com afinco a nossa pouco trabalhada etimologia. Por corolário, e com certo frêmito, o professor Pasquale disse que não há explicações etimológicas para o fato de a palavra chuva ser escrita com U, tal como o chover ter por grafia a letra O. A ele, digo tão-somente que houve um ledo engano.
Sem mais preâmbulos, a todos recomendo o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, obra-prima de Antenor Nascentes. Aliás, à época a expressão portuguesa era composta por um acento circunflexo no E; sinal, a ver, cuja explicação de professores do primário está atrelada à estolidez do chapeuzinho do vovô, sendo, a bem da verdade, nada mais do que um círculo flexionado. No livro supracitado, chuva advém do latim pluvia. Chover, do latim plovere. Só pelo olhar é possível entender o porquanto de um vocábulo ser escrito com U. E o outro, com O.
À guisa de Antenor, o I de pluvia sofreu atração. Já o U, virou O. Sem embargo, o U voltou à sua forma original, diga-se, por influência do V. Decerto, nesse ínterim de U para O, a saber, deu-se o resultado chover. Ademais, o ditongo UI sofreu redução por uma questão de pronúncia. Consoante o Pasquale, seria improvável encontrar alguma resposta para a questão, qual seja, estamos em um mundo fantasmagórico. Por fim, uma frase de Schopenhauer muito vem a calhar: "Talento é quando o atirador atira o alvo que ninguém consegue. Genialidade, quando o atirador atinge o alvo que ninguém enxerga". Eis aí a diferença da etimologia para todo resto. É isso.
Daniel Muzitano

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Só os etimólogos sabem

Embora haja certa laúza acerca das palavras autópsia e necrópsia, ambas podendo ser grafadas outrossim sem acento, tais designam exatamente o mesmo sentido, isto é, o de examinar um cadáver. Ademais, e à guisa de esclarecimento, necrópsia vem decerto do universo grego. Com isso, nekrós seria cadáver. Ópsis, vista ou olhar. Para com autópsia, há também a expressão ópsis, embora auto- compreenda a noção de si mesmo, próprio e derivados.
A propósito de autópsia, até hoje dicionários de toda sorte auspiciam como significado o exame atento de si mesmo. Desta feita, por que motivo o vocábulo aludido passou a ser utilizado como um sinônimo fidedigno de necrópsia, haja vista não serem tais originalmente iguais? Em sua brilhante coluna na CBN, o professor Pasquale trabalhou essa questão, sem explicar esse pormenor; entretanto. Grosso modo, esse tipo de interrogação só pode ser desvendado por aqueles que estudam etimologia, ainda que o professor seja uma referência; caso, esse, de Pasquale.
Sem mais delongas, o homem concluiu que ao examinar o corpo de um cadáver, a entender, consegue ele examinar a si mesmo, ou seja, daí serem hoje em dia palavras com o mesmo raciocínio. Apesar de alguns terem dúvida de que foi ele o autor da frase, Sócrates dissera em dado momento: "Conhece-te a ti mesmo". É mais ou menos por aí. Para que não haja falha mnemônica: o grego autopsía é a origem de autópsia.
Por fim, quero aclarar que o intuito desse texto não é o de menoscabar professores que não dominam a etimologia, e sim ressaltar sua importância enquanto método de ensino. No mais, amuo em dizer que ouço o Pasquale de segunda a sexta, bem como tenho livros do autor, e, principalmente, reconheço sua relevância e sua contribuição irreprochável para a nossa língua. A despeito disso, fica mais do que comprovada a necessidade de levarmos a sério a etimologia. Um grande abraço a todos. E é isso.

domingo, 10 de dezembro de 2017

Toda mudança de sexo é uma aberração


Alhures do mundo, indubitavelmente o caso Tiffany, primeira transexual a disputar a Superliga Feminina de Vôlei, a saber, deve ser visto como algo heteróclito, para não dizer nocivo e estulto. A bem da verdade, não duvido de que ela esteja propínqua na especificidade hormonal para com mulheres, uma vez que instituições de toda sorte alegam isso mediante testes, por sua vez resultando na aprovação da jogadora.
Sem embargo, o problema aí é outro, qual seja, todo ser humano que muda de sexo sofre transtornos fisiológicos, depressões, fora o fato de que a chance de suicídio, tão-somente decorrente dessas mudanças, aumenta sim consideravelmente. Malgrado haver estudos acerca da pauta, os néscios preferem ir ao encontro da retórica da liberdade, a fim de sublevar a inepta ideologia de gênero.
Por fim, embora eu esteja primando pela saúde do ser humano, pasmem, muitos ainda vão produzir vituperações, de modo que receberei insultos, sobretudo de homofóbico. Grosso modo, o maior problema do país hoje é de hermenêutica, isto é, de interpretação. O brasileiro é tão atrasado que não enxerga o óbvio ululante, ou seja, existem apenas dois gêneros. A propósito de opções sexuais, essas sim são várias. É isso.

Daniel Muzitano