terça-feira, 28 de novembro de 2017

O malogro do campeonato nacional

Conquanto haja uma multidão contrária à fórmula do mata-mata, boa parte dos clubes brasileiros preferiu, a bel-prazer, dar primazia a campeonatos cujo sistema é justamente esse, quais sejam, a Libertadores, a Copa do Brasil, e, em grau menor, a Copa Sul-Americana. Resultado de uma propaganda falsária, verdade parece que só o Corinthians desde o preâmbulo priorizou este Brasileirão parvo, mormente pelo seu formato. Dado o exposto, volto para com a tecla de que Palmeiras, Grêmio, Santos, Cruzeiro, Flamengo e Botafogo, para não citar também o Atlético Mineiro, menoscabaram o campeonato brasileiro em momentos dos mais diversos.
Assim sendo, estivéssemos na conjuntura do mata-mata, tão-somente dois jogos de nada valeriam para o campeonato nesta última rodada, portanto, Atlético Goianiense x Fluminense, tal como Atlético Paranaense x Palmeiras, uma vez que oito clubes seriam classificados para a fase final. Em contrapartida, o campeão surgiu há três rodadas, dois rebaixados foram conhecidos na penúltima rodada e cinco das sete vagas para a Libertadores já estão garantidas, ainda que o número de vagas possa ir para oito, claro, a depender da final envolvendo Lanús x Grêmio; duelo, então, em que o provável campeão será o clube argentino. Em síntese, o que há de tão grandioso, com exceção de uma ou outra edição, na era dos pontos corridos?
A somar, os clubes não estão interessados, os jogadores preferem outros torneios, não há finais concretas nos pontos corridos e o torcedor guarda seu sagrado dinheiro para assistir a competições que não o Brasileirão. Grosso modo, qual o porquanto de não voltarmos para a venustidade épica do mata-mata? Estabelecendo um paralelo, o futebol talvez contaminado fora pelo cenário cultural, a compreender, onde o talento é descartado sem a miséria de um olhar mais bem refinado. Em tempos de uma indelével inversão de valores, a boa música, o bom teatro, o bom professor e o bom futebol vão às favas em nome do politicamente correto, das cotas, da falta de estudos etc. Declarada essa pravidade mental, o futebol brasileiro não é nada hoje, senão um universo esquálido de correria, falta de técnica e fantoches incapazes de um deboche com alma.
Por fim, um país que formulou Armando Nogueira, Nelson Rodrigues, Teixeira Heizer, Alberto Helena Júnior e tantos outros craques do jornalismo esportivo, pasmem, não pode ficar satisfeito com Casagrande, Caio Ribeiro, Neto, Lúcio de Castro, Juca Kfouri, Trajano e palúrdios dessa têmpera. Ao par, é impreterível lembrar que já fomos famosos musicalmente devido a um Vinícius de Moraes, mas hoje estamos representados pelas bundas da Anitta e da Ivete e pelo indigente mental chamado de Teló. Bom, só falta agora o bom professor de português ser aquele que enfatiza o não uso da norma culta. Ih! Não falta mais.
Daniel Muzitano

Nenhum comentário:

Postar um comentário