Nos atendo ao Novilíngua de 1984, de autoria de George Orwell, tem-se aí um exemplo claro de controlar a massa. Com isso, é bem óbvio que certos registros visam atender a um intento político, da mesma forma que algumas mudanças de acepção em expressões já existentes. Minudenciando um pouco o caso de mátria, eclode para confrontar um machismo inexistente que, aos olhos de um grupo, se faz atuante em pátria, por ter advindo do latim pater, logo, pai. Pátria, aos enfants gâtés, possui uma espécie de relação metonímica com a noção de pai, em prol da ideia de origem. Ao mencionar que leio Nelson Rodrigues, verbi gratia, uso o personagem para ressaltar que estou lendo seu livro. Ao frisar pátria, usufruo a lógica de pai, com o intuito outro de eu fazer referência ao sentido de nascimento.
Além disso, na perspectiva mesma do machismo, pátria é substantivo feminino, ainda que venha de pai, ou não é? No mais, a turma estapafúrdia vislumbra na classe gramatical, isto é, das palavras, a classe sexual. A mátria, como outros exemplos, é a prova ululante do baixo nível de nossos intelectuais, que parecem ociosos, sobretudo na tentativa de verem pelo em ovo. Não há aspecto mais lamentável do que um senhor, em seus quase 80 anos, não ter atingido ainda o mínimo de sua forma intelectual, brincando de "o dono da bola". E viva a pátria!
Daniel Muzitano
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