quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Nota sobre o boicote e a censura de hoje

Às mentes frívolas que denunciaram um vídeo meu e ao burlesco Facebook, que as acatou respectivamente, não conseguirei olvidá-los por hoje, ainda que vocês sequer saibam a acepção desse verbo. Aliás, de igual modo é impossível concordar com vocês, haja vista que a concordância, considerando a mensagem que recebi da empresa, é ponto outro lânguido na mente da direção da marca.
Exórdios à parte, simpliciter quero me pronunciar como alguém que não faz o que faz por diploma. Diferentemente dos professores que tiraram meu vídeo do ar, ou melhor, dos palúrdios que estão por soltar barritos, por sua vez travestidos de docentes, tive, à base de muito esforço e de muita sabedoria, todas as teses que corrigi em minha vida aprovadas, todos os alunos, pelos menos os que levaram meu ensinamento até o final, aprovados. Corrigi vários livros com êxito, tenho também uma produção de conteúdo etimológico descomunal via Youtube.
Fora tudo isso, corrigi teses no Português de Portugal, em breve serei revisor também em Espanhol, estou elaborando um dicionário etimológico que ninguém no Brasil, ainda mais com tímidos 29 anos, idade essa que dei início ao projeto, tem condição, sem contar minha contribuição para um dicionário de Portugal. Tornei-me pós-graduado com 25 anos, poucos podem dizer isso no Brasil. Enfim, reporto que é sine qua non que não escrevo buscando o respeito da classe de docentes, tampouco espero que o comportamento dos senhores mude. Articulei essas palavras para ressaltar tão-somente o meu desejo de que continuem, que apaguem outros vídeos meus. Agora, o que vocês nunca poderão apagar é a minha história. E isso vocês não são dignos de ter.

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

O fanatismo à guisa da Argentina


O óbito de Maradona, a pari com os de Carlos Gardel e de Eva Perón, aclara o âmago nacionalista presente no povo argentino, que trata seus nomes a título de deuses, conquanto isso lhe traga deteriorações infindáveis. Por exemplo, citá-lo-emos Che Guevara, um argentino psicopata, autor de brutalidades de toda ordem, declaradas por seus próprios ex-companheiros de batalha, que podem ser assistidas por sua vez no documentário "Anatomia de um mito".

Pelo fato de ele ser argentino e famoso, suas perseguições e seus crimes, apresentados com elevada solércia e glamourização por setores relevantes, a aludir, por exemplo, a classe artística, são mais do que justificados, afinal, ele é argentino. Se Maradona e Eva são deuses, Che Guevara, tatuado no braço do primeiro, e Juan Domingo Perón, ex-presidente e marido de Eva, serão amiúde vistos como referências, pois os deuses não se equivocam em suas escolhas.

Destarte, é sine qua non reportarmos que esse comportamento, caracterizado por uma ovação pueril, inconteste, catingosa e estulta, explica o porquê da insistência por escolhas políticas infelizes, acarretando a exacerbação cada vez mais nítida da fome no país. Em outros termos, o argentino é acentuado pelo nacionalismo fanático e pela pesporrência incólume, que faz viva naquele que é incapaz de rever e de aprender com seus erros.

Nesse sentido, o gol de mão de Maradona, à frente daquele cujo jogador dribla toda a Inglaterra, demonstra que a malandragem, à similitude do que acontece no Brasil macunaímico, foi, indubitavelmente, a consolidação do "tudo em nome da causa". A bem da lógica, Lionel Messi, em todos os números e perspectivas, vence Maradona de longe; sendo, a saber, melhor do que Diego. Entrementes, ser melhor não implica ser maior, e é esse o ponto-chave da conversa.

Por fim, mesmo depois de decênios da morte de Gardel, os argentinos dizem que ele canta, todas as manhãs, cada vez melhor. Portanto, remontar Deus na figura de um homem tem lá seus malefícios para o próprio homem, de modo que as drogas e a bebida podem ser mencionadas no caso de Diego. Todavia, se a nação trabalha para que o mérito e o talento sejam religiões acima de tudo, ela não cresce, não progride e vive a repetir as suas deploráveis certezas, posto que Deus é intocável. É como dizia o Borges, célebre escritor e outro argentino, "a dúvida é um dos nomes da inteligência". Grosso modo, com seus diversos senões e suas nimiedades ínfimas, Maradona era um talento. Deus, na melhor das hipóteses, só pode ser comparado a santos; caso, exempli gratia, de João Paulo II. Fim!

Daniel Muzitano