quarta-feira, 4 de março de 2020

Por que ninguém comenta sobre Queísmo e Dequeísmo?

Conquanto se façam presentes cotidianamente na linguagem popular, há um lapso iniludível dos vocábulos citados nesse título, sobretudo em conjunturas acadêmicas, de modo que estudiosos da área de Letras não exortam a investigação das práticas de queísmo e de dequeísmo. Nesse comenos, vale propalar que tão-somente o Michaelis e o Volp, em relação aos dicionários on-line, promulgam os respectivos substantivos cá aludidos.
Dessa forma, consoante o Michaelis, queísmo seria a "omissão da preposição "de" antes da conjunção subordinativa integrante "que", quando, pela regência do verbo, na linguagem padrão, ela é exigida". Assim, não é incomum ouvirmos na rua, por exemplo, que "fulana gosta que fale dele". Grosso modo, quem gosta, gosta de, isto é, o apropriado seria dizer "fulana gosta de que fale dele".
A bem da lógica, o queísmo é o equívoco regencial que enfatiza o "que" e rejeita o "de", embora a preposição seja solicitada pelo verbo. Quanto ao dequeísmo, também de acordo com o Michaelis, é classificado como "emprego da preposição "de", sem função sintática e dispensável, antes da conjunção "que", em determinadas orações.
Pari passu, seria como dizer algo do tipo "percebo de que fiz isso". Em suma, eu não percebo de algo, e sim algo. Em outras palavras, o dequeísmo é um solecismo regencial que dá ênfase ao "de", ainda que o verbo não o peça. Fôssemos um país decente, queísmo e dequeísmo estariam em nossa base curricular. Porém, na cabeça de alguns, o barato é o culto às necedades do Novo Acordo. Eu faço a minha parte. Uma boa-noite a todos.
Daniel Muzitano

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