domingo, 19 de janeiro de 2020

A arrogância no duplipensamento de Orwell (sobre a minha suposta altivez)

Lato sensu, pelo fato de eu demonstrar um conhecimento cultural acima da média, sobretudo no que tange à etimologia, amiúde sou rotulado de arrogante, e não tão-somente pela arraia-miúda. Assim, propositadamente ou não, o brio, a autoconfiança e o amor à profissão, mais das vezes, são aspectos confundidos com a dita pesporrência.
Ipso facto, bem vejo a arrogância, tal como ocorre com o discurso de ódio, sendo utilizada de forma ambígua, e, dependendo de quem a usa, com caráter positivo ou não, casando-se com aquilo que Orwell denomina de duplipensamento. Portanto, se duas pessoas dizem que são as melhores naquilo que se propõem, aquela que faz parte do grupo que detém o poder é vista como séria e segura. A que não faz, como alguém que carece de humildade.
Demais disso, vejo o duplipensamento como algo consolidado no diálogo nacional, ainda que o artifício esteja mais acentuado em alguns vocábulos, tendo para tanto as chamadas palavras-chave. De mais a mais, o latim arrogante vem de arrogare, termo que faz as vezes de atribuir. Desse modo, a lógica de atribuir refere-se ao fato de que existe a autoatribuição de características positivas por parte das pessoas; explicação, logo, que faz com que a claque falsária determine ou não o que é ser arrogante, conquanto haja contradições no apontamento.
Por fim, pesquisas apontam que cerca de 80% da população não passa de dois livros num ano, e, por conseguinte, não tem condições intelectuais de debater comigo acerca de diversos temas. E isso é puramente um fato. Entretanto, por se tratar de Daniel Muzitano, passa a ser arrogância. Bom domingo a todos.
Daniel Muzitano

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