quarta-feira, 16 de maio de 2018

O desânimo de morar no Rio


À diferença doutros tempos, épocas em que um Macunaíma não era exaltado, a dedicação aos estudos, à espreita da lei, resultava em méritos exorbitantes, ao passo que o malandro, seja na figura de um Lula ou de um bandido qualquer, não possuía vez, conquanto desde o romantismo o Brasil dê sinais de sua imensa inocuidade cultural.
Pari passu, a família, o trabalho, o estudo e os bons valores no panorama brasileiro mais parecem utopias, quando muito um lugar-comum. Desta feita, o não estudo, por exemplo, serve de abre-alas para uma desculpa, acarretando vez ou outra num degrau a mais. A nítida inversão de valores, dantes taciturna, vem à tona em seu rosto mais abjeto, chegando ao ponto de a explicação do óbvio ser de difícil compreensão.
Por fim, é desanimador estudar no Brasil, enquanto que um sindicalista que mal sabe ler, a saber, às vezes consegue três vezes o que você ganha, tal como é nojento o descaso com a polícia em prol do bandido, com o trabalho em favor de uma ideologia, e, principalmente, é ominoso e desanimador viver aqui, afinal, poucos são os olhos que enxergam tal raciocínio. Dado o exposto, retorno à Maria Callas. Quem? - perguntarão tantos. Que um raio aparte.

Daniel Muzitano

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