terça-feira, 8 de maio de 2018

Mais uma necedade


Para com o uso de estrangeirismos palúrdios, diga-se, ao par desnecessários, conversei outro dia acerca de como estamos à míngua enquanto enriquecimento vocabular, ao passo que há demasiado afinco quanto ao uso de expressões estrangeiras, que, a saber, por cá há palavras à altura perfeitamente capazes de substituí-las. Sem embargo, vejo muitos utilizarem timing, budget, friend e market share, por exemplo, em vez de cronometragem, despesa, amigo e fatia do mercado. 

Ademais, sou caudatário de estrangeirismos, desde que não haja um termo consentâneo e compatível em nossa língua; caso, logo, de shopping, de marketing e de pizza. Todavia, a opção do público demonstra que o brasileiro menoscaba a sua própria literatura, e, pelo o que leio, os livros de um modo geral. Por conseguinte, emana aí o repertório raso e ignaro. Para tanto, a opção por outros idiomas, sobretudo pelo inglês, revela outrossim não um interesse por um segundo idioma, mas sim que estamos consumindo o que há de mais estúpido nele, haja vista o nível simples de vocábulos propriamente substituídos.

Destarte, faço alusão ao que há de mais ignóbil na cultura inglesa, a ver, música pop, hip-hop, livros do nível de um "A culpa é das estrelas" ou esses de autoajuda, séries não muito profícuas e outras estultices. Demais disso, sei que sairei como preconceituoso, arrogante etc. Contudo, e no livro de Nietzsche, li que o poder de atração do conhecimento seria muito fraco, se no caminho que a ele conduz não tivéssemos de vencer tantos pudores. Vou voltar a ouvir Chet Baker, pois fica a dica àqueles que falam friend em vez de amigo. É isso.

Daniel Muzitano

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