sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Não seja amigo do seu filho



A contrario sensu do que supõe um sem-fim de responsáveis, deve haver manifesta dissociação entre ser pai e ser amigo. Desse modo, não se pode olvidar de que ser amigo de um filho significa estar ao par, ter valor igual com relação a ele, o que por sua vez implica uma perda irrefutável de autoridade paterna ou materna. A bem da lógica, a mãe ou o pai autodenominado de "melhor amigo do próprio filho", sem margem para qualquer dúvida, formá-lo-á um adulto sem limites, cujo principal amigo, o pai, concebe salvo-conduto a todas as irresponsabilidades e aos erros do respectivo filho.

Imposto o exposto, ninguém deve obrigatoriamente respeito a amigo, tampouco uma fulcral e irreprochável obediência. Já ao pai, seguramente. Ademais, se o pai é apenas um amigo, no momento em que contrair uma doença grave, por exemplo, indubitavelmente a chance de ser largado pelo filho será descomunal, muito maior por assim dizer, e nos tempos de hoje é comum presenciarmos essa triste cena, afinal, trata-se apenas de um amigo.

Como intento último, essa postagem visa tão-somente à melhora quanto ao amadurecimento das próximas gerações, fadadas hoje à eterna puerilidade, e muito por conta desse equivocado raciocínio dos pais, bem como a abrir os olhos daqueles que se importam com suas crias, seus rebentos. Em suma, amigo não cobra, não tem a obrigação de educar, e por isso às vezes é esquecido. Que haja harmonia e respeito na relação entre pai e filho, mas nunca o sentido envilecido de amizade. Não seja amigo do seu filho. Seja pai!

Daniel Muzitano