segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Um tácito de rapsódia


Saber povoar a solidão dignifica o homem em suas mais triviais paixões. Parecia haver um elã infindável e, mesmo, estimulado. Enfim um sábado tenho para a tessitura à deriva, a fim de compor meu tempo com mais liberdade.
Meu gosto cultural possui predicados de séculos atrás, porquanto há a necessidade em pessoas inteligentes pela opção de cérebros antigos. Assim faço, pois difícil parece a convivência com uma mulher que tenha menos de 33 invernos.
Às vezes, parece não haver outro jeito, senão procurar em outro estado a opulência que falta nesse. A pátria em chuteiras de Nelson Rodrigues e um bate-papo com a Regina foram minhas respirações diante deste frio esboçado por um legítimo verão. Conversas e conversas são inimagináveis, mas Regina fala de livros, tece críticas culturais e possui um nível similar ao meu, sem qualquer objeção.
A ausência de um colóquio no Rio tornou-se o bar não uma opção, mas uma obrigação para reinar o colosso de uma praia. Chegamos a um ponto de ver mais fulgor à distância de 500 mil metros a ficar submetido a uma saia sem qualquer obra. E o pecado parece irremediável.

Daniel Muzitano

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