quinta-feira, 14 de junho de 2018

As peripécias da peripécia


Conquanto não seja tão-somente uma melódia, que, a seu bel-prazer, está atrelada à faculdade de uma espécie de surpresa, a peripécia talvez sê, sobretudo ao olhar de Aristóteles, um elemento difuso e pautado numa reviravolta de fatos; comportamento, esse, crível e presente na poética do filósofo, resultando num rumo contrário àquele dantes imaginado. 

Demais disso, e menoscabando dicionários esquálidos, Antenor Nascentes, mestre dos mestres, sublinhou em sua obra-prima não apenas o pormenor aristotélico, tal como promulgou que houve uma clara extensão de sentido. Desta feita, a palavra faz as vezes outrossim de aventura e de incidente, diga-se, em seus mais diversos sentidos. 

Por fim, a circunspecção do fato tem por nascimento o grego peripéteia, por seu turno significando acidente. Em suma, o sentido original do termo está coadunado para com a ideia do autor. Como só Aristóteles explica Aristóteles, dadas duas proposições, a saber, uma é verdadeira. Outra, falsa. E assim deu-se o terceiro excluído.

Daniel Muzitano

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