Malgrado o fato de haver um meandro para com a questão, sãmente outorgo os pontos relevantes acerca do étimo da palavra bruxa, que, a bem da verdade, é deveras pouco detalhado e muito menoscabado, ao passo que dicionários e etimólogos estão restritos à explicação pobre, a saber, de conferir ao termo que se trata de uma origem controvérsia. Embora haja mais de uma teoria, pari passu presumo ser dever de profissionais da área mostrar todas as possibilidades presentes no fato em questão, diga-se, sem cometer quiproquó algum, isto é, tomar uma coisa por outra.
A seu turno, o estimado Deonísio da Silva, em sua coluna dedicada à etimologia, pouco agregou neste particular; fato, esse, que auspiciou neste que vos fala uma curiosidade irrefragável na busca incessante por tais porquês. Consoante alguns etimólogos brasileiros, bruxa seria resultado do latim bruchu, ou seja, gafanhoto sem asas. Desta feita, talvez a vassoura para voar e a associação com o sentido de feiura, notem, tenham surgido daí. Sem mais delongas, a Academia Espanhola promulga que o vocábulo espanhol brujo, decorrente do latim bruscus, seria decerto a origem. A título de explicação, bruscus seria perereca, qual seja, mais um concorrente latino quanto ao fato de ter vindo à tona o significado de feia para a palavra, uma vez que o bicho é reconhecido por sua falta de venustidade.
Demais disso e por fim, João Ribeiro, sobretudo em sua obra-prima Frases Feitas, revela que a bruxa é oriunda do vasconço buruz, portanto, de cabeça baixa. Na verdade, a cabeça estaria escondida ou parcialmente escondida, a somar, pela minúcia do uso da capa. Dentre as alternativas, o escorreito João Ribeiro merece uma credencial no tema, pois muito fez pela etimologia, pela Língua Portuguesa, e, de certo modo, por todos nós. O aspecto triste é que ninguém Brasil afora, seja professor ou aluno, tem ciência da quase que incomparável importância do ilustre aludido, mas todos conhecem as necedades musicais cá em vigor, por exemplo, o funk. Isso é o Brasil. Triste.
Daniel Muzitano